O Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, anunciou uma decisão histórica: a partir de 2025, mulheres poderão se alistar no Exército Brasileiro, marcando uma mudança significativa na política militar do país.
Esta medida, que busca aumentar a participação feminina nas Forças Armadas, prevê o ingresso das primeiras mulheres via alistamento em 2026. Continue a leitura para entender melhor.
Durante reuniões realizadas entre os dias 13 e 17 de maio, o ministro comunicou a novidade aos comandantes militares, e posteriormente, em entrevista à Folha de São Paulo, detalhou o plano. “Nesse assunto, o Brasil deve muito. E não é para fazer serviço de enfermagem e escritório, é para a mulher entrar na infantaria. Queremos mulheres armadas até os dentes”, afirmou Múcio.
Diferentemente do serviço militar masculino, que é obrigatório, o alistamento feminino será voluntário e estará disponível para mulheres que completarem 18 anos a partir de 2025. Atualmente, as mulheres podem entrar nas Forças Armadas através de concursos e processos seletivos para temporários, porém, apenas a Marinha permite atuação em áreas de combate.
O número de vagas reservadas para mulheres ainda é motivo de discussão. Estima-se que entre 1.000 e 2.000 vagas sejam disponibilizadas inicialmente, com a meta de aumentar gradativamente até atingir 5.000. Múcio, no entanto, considera esses números insuficientes e planeja uma programação para alcançar 20% de participação feminina, o que equivaleria a cerca de 15.000 vagas no Exército.
O ingresso de mulheres no serviço militar levanta questões sobre adaptações necessárias, como a separação de dormitórios e a adaptação de banheiros. Além disso, é incerto quantas mulheres buscarão o alistamento, um fator que influencia o planejamento das Forças Armadas.
A inclusão feminina nas Forças Armadas não é novidade em outros países. Dados da OTAN de 2020 mostram que Hungria (20%), Estados Unidos (18%), Bulgária (17%), Grécia (16%), França (16%) e Canadá (16%) já possuem uma significativa participação de mulheres. A decisão do Brasil segue essa tendência global de maior inclusão e equidade de gênero nas forças militares.
Em um movimento paralelo, a Justiça Federal determinou que mulheres podem concorrer a todas as vagas no concurso para fuzileiro naval da Marinha, derrubando restrições anteriores baseadas no sexo. A decisão do TRF-4 é um passo importante para a igualdade de gênero nas Forças Armadas brasileiras, reforçando o princípio constitucional de igualdade.
Enquanto alguns especialistas, como a professora Adriana Marques da UFRJ, criticam a abordagem do alistamento militar como forma de promover equidade de gênero, outros veem a medida como um avanço necessário. “Nós só vamos conseguir assegurar equidade de gênero nas Forças Armadas quando as mulheres puderem ingressar nas armas de combate”, argumenta Adriana.