Brasil e BRICS: Parceria nuclear com a Rússia e investimentos em reatores modulares para a exploração de petróleo no pré-sal
Em entrevista concedida à TV BRICS, Julian Marco Barbosa Shorto, gerente de pesquisa, desenvolvimento e inovação no Centro de Engenharia Nuclear do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), destacou as principais iniciativas em energia nuclear entre os países do BRICS. Ele destacou a Rússia como a principal parceira do Brasil e mencionou a participação, ou possível participação, do Brasil em planos de investimentos e ampliação da energia nuclear. Julian falou sobre o domínio brasileiro no ciclo completo do enriquecimento de urânio, a necessidade crescente de energia limpa, e as pesquisas sobre pequenos reatores modulares.
A Rússia como parceira principal
Segundo Julian, a Rússia tem sido o principal parceiro do Brasil no setor nuclear. O IPEN mantém uma longa parceria com o Instituto de Engenharia Física de Moscou (MIFI), enviando alunos brasileiros para mestrados na Rússia. Ele mencionou que em breve será assinado um acordo de dupla titulação entre a Rússia e a Universidade de São Paulo, permitindo que os alunos brasileiros tenham diplomas de ambas as instituições.
“Temos uma parceria já há bastante tempo com o Instituto MIFI. Nós mandamos para a Rússia quatro ou seis alunos para fazer um mestrado. E agora a gente está para assinar um acordo de dupla titulação”, afirmou Julian.
Brasil e o ciclo completo do enriquecimento de urânio
Julian destacou que o Brasil é um dos poucos países do mundo que domina o ciclo completo do enriquecimento de urânio, uma tecnologia essencial para a produção de energia nuclear. Ele vê este domínio como uma vantagem estratégica para o país nas parcerias internacionais, especialmente com outros membros do BRICS.
“O Brasil tem uma tradição na área nuclear e é um dos poucos países do mundo que domina o ciclo completo do enriquecimento do Urânio. Poucos países do mundo têm isso, então acho que isso é um aspecto que o Brasil pode colaborar bastante com os outros países do BRICS”, explicou Julian.
A necessidade de energia nuclear limpa
Com a crescente necessidade de descarbonização, Julian vê a energia nuclear como uma peça fundamental no futuro energético do Brasil e do mundo. Ele ressaltou que a energia nuclear é limpa, tem baixa emissão de carbono e é uma fonte confiável, especialmente quando comparada às energias renováveis, que são dependentes do clima.
“A energia nuclear é uma energia limpa, tem uma pegada de carbono baixa e ela fornece uma energia de base importante, porque as renováveis dependem do clima, da intermitência. Então, a energia nuclear fornece uma base importante”, destacou Julian.
Pequenos reatores modulares e Pré-Sal
Julian também mencionou que, assim como a Rússia e a China, o Brasil tem investido em pesquisas sobre pequenos reatores modulares (SMRs). Esses reatores são considerados promissores por sua capacidade de fornecer energia em áreas remotas e de difícil acesso. Além disso, o Brasil está estudando o uso desses reatores na exploração de petróleo no pré-sal.
“O mais promissor são os pequenos reatores modulares. Tanto a China quanto a Rússia, o Brasil tem pesquisado também nessa área. Eu acho que isso vai trazer uma nova vida para o setor. Porque esses reatores vão poder gerar energia em áreas distantes, remotas, de difícil acesso”, finalizou Julian.
Assista à entrevista completa aqui.