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Iugoslávia e sua inusitada revolução socialista: O colapso comunista na queda do Muro de Berlim

O Muro de Berlim caiu, mas a Iugoslávia seguiu um caminho diferente com seu socialismo autogestionário: Entenda a revolução que influenciou a Europa e desafiou o comunismo

por Bassani
01/08/2024
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Na noite de 9 para 10 de novembro de 1989, o mundo testemunhou a queda do Muro de Berlim, um evento crucial que marcou o fim dos regimes comunistas no Leste Europeu. Este evento não apenas abriu caminho para a reunificação da Alemanha após mais de meio século de divisão, mas também foi o ponto de partida para a queda de todos os regimes comunistas que existiam na região. Países como Hungria, Polônia e Romênia viram seus governos comunistas caírem um a um, culminando com a dissolução da União Soviética em 1991, o gigante comunista da época.

Para muitos, o legado dessa era é exclusivamente associado à União Soviética, vista por alguns como um símbolo de sucesso e por outros como um fracasso absoluto. No entanto, é inegável que o comunismo não obteve êxito em nenhum desses países. Contudo, existia uma nação na mesma região que tentava ser diferente dos demais: a Iugoslávia. Embora comunista, a Iugoslávia não seguia a cartilha soviética e desenvolveu um modelo próprio de comunismo que ainda hoje é considerado por alguns como um caso de sucesso.

As origens da Iugoslávia e suas diferenças

Para entender a formação da Iugoslávia, é necessário voltar no tempo até 1918, quando foi criado o Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos. A ideia era unir os povos eslavos do sul, que tinham línguas e tradições semelhantes. No entanto, as diferenças políticas internas eram maiores que as semelhanças culturais, resultando em vários conflitos entre as etnias. A maior disputa ocorreu entre os sérvios, que comandavam o governo e queriam uma administração centralizada, e os croatas, que defendiam a criação de uma federação com mais autonomia para cada região.

Na tentativa de unificar o país e acabar com as disputas internas, o Rei Alexandre I fundou em 1929 o Reino da Iugoslávia, que significa Reino dos Eslavos do Sul. Contudo, a unificação ficou apenas no papel, já que na prática o poder continuou concentrado nas mãos dos sérvios, aumentando as tensões a ponto de levar ao assassinato do rei em 1934.

O impacto da Segunda Guerra Mundial e a ascensão de Tito

Com a invasão nazista em 1941 e a criação de um estado nazista na Croácia, o sonho de unir os povos eslavos do sul parecia destinado a fracassar. Nesse ponto, entra em cena o nome mais importante da história do país: Josip Broz Tito. Nascido no território da atual Croácia, Tito lutou na Primeira Guerra Mundial e teve seu primeiro contato com a ideologia comunista enquanto estava preso na Rússia durante a Revolução Russa de 1917. De volta à sua terra natal, Tito iniciou sua militância no Partido Comunista local, adotando o codinome Tito.

Os conhecimentos militares e a experiência na clandestinidade foram essenciais para Tito liderar o movimento de resistência à invasão nazista. Sob seu comando, as milícias conhecidas como Partisans conseguiram não só proteger grande parte do território, mas também recuperar a Croácia do controle alemão, sendo a única região do Leste Europeu não libertada pelo Exército Vermelho da União Soviética. Isso foi determinante para o futuro do país.

Após a guerra, Tito fundou a República Federal Socialista da Iugoslávia, uma federação que reunia Sérvia, Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro, Macedônia do Norte, Kosovo e Voivodina. Tito sabia que criar um sentimento único entre seis repúblicas diferentes não era possível, então manteve a unidade com mão de ferro, mas concedendo algumas autonomias regionais. O lema do governo era “Irmandade e Unidade”, mas na prática, qualquer movimento nacionalista era violentamente reprimido.

O rompimento com a União Soviética e o socialismo autogestionário

A constituição da Iugoslávia era semelhante à da União Soviética, e inicialmente os dois países eram aliados próximos. No entanto, as personalidades de Tito e Stalin levaram a um rompimento em 1948. Tito não se sentia obrigado a seguir as determinações de Stalin e tinha planos expansionistas, como reivindicar o controle de Trieste e formar a Federação Balcânica com a Albânia e possivelmente a Bulgária. Essas desavenças levaram à expulsão da Iugoslávia do Cominform, a associação de partidos comunistas controlada por Moscou.

A partir desse rompimento, a Iugoslávia desenvolveu o socialismo autogestionário, um modelo em que o controle das empresas, fábricas e fazendas era entregue aos trabalhadores. Na prática, os trabalhadores tomavam decisões sobre a produção, os fornecedores e os preços, criando um mercado quase livre baseado na oferta e demanda. Isso contrastava com o modelo centralizado da União Soviética.

A posição de neutralidade ajudou a Iugoslávia a receber bilhões de dólares em empréstimos e ajudas militares dos Estados Unidos durante a Guerra Fria. Tito, junto com líderes de países como Egito e Índia, fundou o Movimento dos Não-Alinhados em 1956, que reunia países que queriam se manter neutros na disputa entre EUA e URSS. Mesmo após restabelecer relações com a União Soviética após a morte de Stalin, a Iugoslávia continuou a prosperar economicamente.

O colapso da Iugoslávia e seu legado

Durante mais de três décadas e meia, Tito governou a Iugoslávia com mão de ferro, equilibrando a política interna e externa. Seu funeral em 1980 contou com a presença de 129 chefes de estado, um recorde para a época. No entanto, sem um sucessor preparado, o país começou a enfrentar problemas. As crises econômicas dos anos 70 e 80 aumentaram a dívida externa, e as disputas regionais que estavam adormecidas sob a ditadura de Tito voltaram com força.

Em 1991, Eslovênia e Croácia decidiram se tornar independentes, levando a uma guerra de cinco anos e milhares de mortos. O colapso da União Soviética em 1991 contribuiu para a desintegração da Iugoslávia, que oficialmente existiu até 2003, quando mudou de nome para Sérvia e Montenegro. Embora tenha tomado um caminho diferente, a Iugoslávia acabou da mesma maneira que os outros países comunistas do Leste Europeu.

Hoje, a história da Iugoslávia serve como um lembrete das complexidades e desafios dos regimes comunistas e das tentativas de criar um sistema diferente dentro dessa ideologia. Mesmo que a Iugoslávia tenha desaparecido, seu legado e as lições de sua experiência continuam a ser estudados e debatidos.

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