Revista Sociedade Militar, todos os direitos reservados.

Pastor condenado por atos de 8 de janeiro e exilado na América do Sul revela que Forças Armadas incentivaram o golpe

por Sérvulo Pimentel Publicado em 26/08/2024
Pastor condenado por atos de 8 de janeiro e exilado na América do Sul revela que Forças Armadas incentivaram o golpe

O pastor Oziel Lara dos Santos, condenado a 14 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por supostos atos golpistas cometidos em 8 de janeiro, está foragido e vivendo em exílio político em um país da América do Sul. Segundo ele, a perseguição judiciária que sofre, conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, o levou a buscar refúgio fora do Brasil.

Entrevista e acusações

Em entrevista ao colunista Guilherme Amado, do Metrópoles, publicada neste domingo, 25 de agosto, Oziel Lara dos Santos responsabilizou as Forças Armadas pelo clima de instabilidade que resultou nos atos de 8 de janeiro. Segundo o pastor, foram as Forças Armadas que incentivaram as manifestações que questionaram a legitimidade das urnas eletrônicas e o resultado das eleições de 2022.

“As Forças Armadas estimularam as manifestações na frente dos quartéis quando falaram que havia inconsistências. As Forças Armadas foram convidadas a participar da fiscalização do processo eleitoral no TSE. A única instituição que o brasileiro respeitava na época era as Forças Armadas. No relatório, o Exército disse que havia possibilidade de inconsistências. O povo foi pedir que o Exército fosse fazer seu trabalho”, afirmou o pastor Oziel.

Relatórios e manifestações

O pastor mencionou que a motivação para participar das manifestações foi baseada em indícios de fraudes nas urnas eletrônicas apontados em um relatório produzido e publicado pelas próprias Forças Armadas. Ele também citou uma carta aberta à nação, datada de 11 de novembro de 2022, na qual as manifestações foram descritas como legítimas, pacíficas e ordeiras.

“Vimos indícios de fraudes nas urnas eletrônicas, com base no relatório das Forças Armadas e na carta aberta à nação em 11 de novembro, falando que as manifestações eram legítimas, pacíficas e ordeiras. Foi isso que nos motivou a ir para as manifestações”, concluiu.

Acampamento e prisão

Oziel Lara dos Santos foi preso no Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro de 2023, após passar a noite em um acampamento em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília. Em março daquele ano, tornou-se réu no STF pelos crimes de golpe de Estado, associação criminosa armada e outros. Após 11 meses preso, foi solto em dezembro de 2023, mas fugiu em março de 2024 após ser condenado a 14 anos de prisão.

Exílio e reflexões

No exílio, Oziel afirma estar em um país próximo ao Brasil e alega que as Forças Armadas desempenharam um papel crucial nos eventos de 8 de janeiro. Ele concluiu dizendo que encontrou outros “patriotas” na mesma situação e reforçou a ideia de que as Forças Armadas deveriam ter agido conforme as expectativas populares.

“Estou em outro país da América do Sul. Procurei a melhor forma para cumprir o plano. Recentemente, encontrei por aqui outros patriotas, que também foram condenados no STF. Não vou dar outros detalhes”.

Questionado sobre sua confiança nas Forças Armadas, o pastor disse que “Fica difícil para mim opinar, estou distante da sociedade [brasileira].”

Sérvulo Pimentel

Sérvulo Pimentel

Apaixonado pela língua portuguesa e pelo universo militar, Sérvulo é professor há dez anos e atua como redator há cinco, sendo um especialista na produção de notícias sobre Defesa Nacional e sociedade militar. Na Revista Sociedade Militar, dedica-se a levar informações confiáveis e bem apuradas ao público, sempre prezando pela responsabilidade jornalística e imparcialidade. Seu compromisso é contribuir para um debate informado e acessível sobre temas estratégicos e sociais, aproximando os leitores das principais questões que envolvem as Forças Armadas e a sociedade.