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Soldado norte-coreano cruza campo minado, deserta e desafia Kim Jong Un; terceiro caso em duas semanas

por Sérvulo Pimentel Publicado em 20/08/2024 — Atualizado em 21/08/2024
Soldado norte-coreano cruza campo minado, deserta e desafia Kim Jong Un; terceiro caso em duas semanas

Um novo capítulo na saga das tensões entre as Coreias do Norte e do Sul foi escrito na manhã desta terça-feira (20). De acordo com o portal Newsweek, este é o terceiro caso de deserção de militares norte-coreanos em apenas duas semanas. Um soldado cruzou a fronteira fortemente militarizada entre os dois países na parte oriental da península coreana e foi capturado por guardas sul-coreanos na região de Goseong.

Deserção na fronteira oriental

O soldado desertor foi encontrado vestindo seu uniforme militar norte-coreano, segundo informações das autoridades sul-coreanas. Ele foi rapidamente levado sob custódia pelos guardas de fronteira. Os militares da Coreia do Sul confirmaram que o desertor está sendo interrogado para entender suas motivações e os detalhes de sua fuga. O caso está sendo tratado com extrema cautela devido à sensibilidade das relações entre as duas Coreias.

A deserção ocorreu na região de Goseong, na costa leste da Coreia do Sul, que faz fronteira diretamente com a Coreia do Norte. As autoridades sul-coreanas, que monitoravam a área de forma constante, conseguiram interceptar o soldado antes que ele se distanciasse da fronteira.

Aumento nas tentativas de fuga

Este novo caso de deserção se soma a outros dois ocorridos nas últimas duas semanas. Há duas semanas, dois outros soldados tentaram cruzar a Linha Limite Norte, uma fronteira marítima no Mar Amarelo. Apenas um deles conseguiu chegar a uma ilha sul-coreana durante a maré baixa, enquanto o outro não teve sucesso.

A travessia da fronteira terrestre entre as Coreias é considerada extremamente perigosa e relativamente rara. Repleta de obstáculos, como campos minados e cercas eletrificadas, o caso se torna ainda mais notável. Além disso, os desertores correm o risco de serem perseguidos e até mesmo mortos pelas autoridades norte-coreanas.

Para os desertores que conseguem chegar à Coreia do Sul, a adaptação à nova realidade também pode ser desafiadora. A cultura, a língua e o sistema social são completamente diferentes dos encontrados na Coreia do Norte.

Relações tensas entre as Coreias

As deserções de militares norte-coreanos costumam agravar as já tensas relações entre Seul e Pyongyang. A situação atual é especialmente delicada, com ambos os países envolvidos em uma guerra de propaganda, utilizando balões para enviar mensagens e itens através da fronteira. Essa troca de provocações tem aumentado a hostilidade entre os dois lados, dificultando ainda mais qualquer possibilidade de diálogo.

Acolhimento dos desertores

O governo sul-coreano oferece programas de apoio para ajudar os desertores a se integrarem à sociedade, mas o processo pode ser longo e difícil. O país possui um processo bem estabelecido para lidar com os desertores vizinhos, incluindo investigações detalhadas e apoio para sua integração na sociedade sul-coreana. O governo sul-coreano oferece assistência financeira, treinamento vocacional e outros recursos para facilitar a transição dos desertores. Em 2023, 196 norte-coreanos desertaram para a Coreia do Sul, de acordo com dados oficiais.

Sérvulo Pimentel

Sérvulo Pimentel

Apaixonado pela língua portuguesa e pelo universo militar, Sérvulo é professor há dez anos e atua como redator há cinco, sendo um especialista na produção de notícias sobre Defesa Nacional e sociedade militar. Na Revista Sociedade Militar, dedica-se a levar informações confiáveis e bem apuradas ao público, sempre prezando pela responsabilidade jornalística e imparcialidade. Seu compromisso é contribuir para um debate informado e acessível sobre temas estratégicos e sociais, aproximando os leitores das principais questões que envolvem as Forças Armadas e a sociedade.