Os governos militares que tomaram o poder em Burkina Faso, Mali e Níger por meio de golpes de Estado estão falhando em conter o avanço de grupos terroristas. Um relatório divulgado pelo Instituto de Economia e Paz (IEP) e publicado pela Reuters revela que, apesar da promessa de combater o jihadismo, essas nações continuam sendo assoladas pela violência, com números de mortes em constante crescimento.
Burkina Faso, o novo epicentro do terror global
O estudo do IEP destaca que Burkina Faso, Mali e Níger estão entre os países com mais mortes por terrorismo no mundo. Apenas em Burkina Faso, em 2023, foram registrados 1.907 mortes em ataques terroristas, representando um aumento de 68% em comparação com o ano anterior. Esses números colocam Burkina Faso no topo do Índice Global de Terrorismo, sendo responsável por um quarto das mortes relacionadas ao terrorismo no mundo.
Crescimento dos grupos jihadistas
A retirada das forças militares ocidentais, principalmente de tropas francesas e americanas, abriu caminho para que mercenários russos, como o grupo Wagner, se tornassem os principais parceiros dos governos militares. No entanto, o apoio russo não conseguiu conter o avanço de facções ligadas à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico. O resultado é um aumento expressivo da violência e do controle territorial desses grupos.
Os jihadistas, segundo o relatório, têm expandido suas áreas de atuação e agora controlam quase metade do território de Burkina Faso, o que preocupa os especialistas. “Estamos lidando com a possibilidade de um ou mais Estados jihadistas no Sahel”, alerta Caleb Weiss, editor do site Long War Journal.
O fracasso das juntas militares
O relatório também mostra que a justificativa dos golpes militares — de que os antigos governos eram incapazes de combater o terrorismo — acabou se mostrando infundada. Desde que os militares assumiram o poder, a situação apenas piorou. Em 2023, houve um aumento de 62% no número de migrantes saindo da região do Sahel, especialmente por causa dos conflitos e da crise climática.
Um futuro incerto
Com as taxas de violência crescendo e os governos militares perdendo cada vez mais território para os terroristas, analistas acreditam que a situação tende a piorar. “Um desses regimes militares vai cair ou perder uma quantidade substancial de território em breve”, afirma Weiss. A possibilidade de que um desses países se torne um novo campo de treinamento jihadista e uma plataforma de lançamento para ataques fora da África é uma preocupação real, conclui o relatório.