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Lacração? Jaguar surpreende com campanha ousada e mudança de logotipo; Genialidade ou desastre comercial?

por Rafael Cavacchini Publicado em 22/11/2024
Lacração? Jaguar surpreende com campanha ousada e mudança de logotipo; Genialidade ou desastre comercial?

“Modernismo exuberante” ou “suicídio somercial?”: Reação à nova identidade da Jaguar divide opiniões.

A fabricante britânica de automóveis Jaguar, conhecida por sua longa tradição de luxo e design icônico, está enfrentando uma tempestade de críticas. Isso porque a marca decidiu reformular seu logotipo. Além disso, também lançou um anúncio ousado, para dizer o mínimo, na mídia.

A decisão, parte de sua estratégia de reinvenção, dividiu especialistas e sobretudo fãs da marca.

Adeus ao ícone: a mudança no logotipo da Jaguar

Fundada em 1922, a Jaguar substituiu seu icônico logotipo da onça saltando por um emblema geométrico curvo. A ausência do animal que simbolizava a marca há décadas gerou fortes reações, com críticos apontando para um possível “desgaste” de sua identidade visual.

Acima, logo antigo da Jaguar. Abaixo, o novo.
Acima, logo antigo da Jaguar. Abaixo, o novo. Foto: Reprodução

De acordo com Philip Porter, cofundador do International XK Jaguar Club e célebre autor de automobilismo, classificou a mudança como “suicídio comercial”. “Sempre houve uma paixão pela Jaguar, e esse logotipo é simplesmente ridículo. É uma loucura. Leva muito tempo para construir uma marca, mas você pode destruí-la da noite para o dia.”

Por outro lado, a Jaguar defende a reformulação como parte de uma visão mais moderna e artística para o futuro da marca. De acordo com comunicado oficial, a Jaguar afirma que a mudança reflete seu compromisso com o “Modernismo Exuberante” e com uma nova era para seus produtos.

Jaguar apresenta anúncio ousado – e polêmico!

O novo anúncio da Jaguar também provocou uma onda de discussões. Com uma abordagem visual artística, o vídeo apresenta modelos em roupas vibrantes. Além disso, slogans aparentemente aleatórios, como “Viva intensamente” e “Apague o comum” ilustram o comercial. Embora tenha sido elogiado por alguns poucos como inovador e imaginativo, no final, o vídeo foi principalmente alvo de duras críticas.

Nas redes sociais, usuários acusaram a campanha de priorizar conceitos abstratos e inclusão em detrimento do foco nos veículos. De fato, não há nenhum veículo em todo o comercial. Até mesmo o CEO da Tesla, Elon Musk, ironizou a ausência de carros no comercial ao perguntar, em sua conta no X:

“Vocês ainda vendem carros?”

A publicação de Musk gerou mais de 164 mil curtidas em poucas horas. O engajamento foi muito acima do anúncio original da Jaguar, que acumulou apenas 9 mil curtidas.

Desvalorização no mercado

As dificuldades da Jaguar não se limitam apenas às críticas nas redes sociais. Nos últimos seis meses, as ações da Tata Motors, que detém a marca Jaguar, despencaram cerca de 30%. Esse declínio reflete uma crescente desconfiança do mercado quanto à direção estratégica da marca, incluindo sua transição para veículos elétricos e o controverso rebranding.

Investidores apontam para a combinação de baixa lucratividade nos modelos atuais. Além disso, o custo elevado da transformação para carros elétricos é um dos principais fatores que minaram a confiança na empresa. O novo anúncio, longe de reverter a percepção negativa, parece ter aprofundado o ceticismo, especialmente entre acionistas que veem a Jaguar se distanciar de sua identidade tradicional sem apresentar resultados tangíveis no mercado.

Com a próxima etapa da transformação marcada para a Miami Art Week, em 2 de dezembro, o debate continua acirrado. Será que a Jaguar conseguirá converter ceticismo em entusiasmo, ou este será um “momento Bud Light” para a marca?


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Rafael Cavacchini

Rafael Cavacchini

Nascido na cidade de Itu, interior de São Paulo, Rafael Cavacchini é empresário, radialista, jornalista e ator. Apaixonado por arte, é ator de teatros desde 2013, participando em peças que vão de tragédias clássicas a musicais. É também radialista no programa “A Kombi Desgovernada”, sucesso em três estações de rádio desde 2015. Começou a escrever muito cedo, inicialmente por hobby. Mas foi apenas em 2011 que transformou o prazer em profissão, quando entrou para o quadro de jornalistas convidados da Revista SuplementAção. Em 2015, tornou-se colunista no Portal Itu.com.br e, no mesmo ano, jornalista convidado da Revista Endorfina. Foi escritor e tradutor do Partner Program do site Quora, uma rede social de perguntas e respostas e um mercado de conhecimento online, com sede em Mountain View, Califórnia. Sua visibilidade no Quora chamou a atenção da equipe da Revista Sociedade Militar. Faz parte do quadro da RSM desde fevereiro de 2023, tendo escrito centenas de artigos e reportagens.