No dia de Natal, a guerra na Ucrânia ganhou novos contornos de tensão com um ataque massivo da Rússia, envolvendo mais de 70 mísseis e mais de 100 drones contra a infraestrutura energética do país. A ofensiva deixou milhares de residências sem luz e calefação em pleno inverno, causando destruição em larga escala e gerando reações imediatas de líderes ucranianos e internacionais.
Os ataques russos atingiram diversas regiões do país, incluindo Kharkiv, onde cerca de 500 mil residências ficaram sem eletricidade, água quente e aquecimento, conforme informou o governador Oleg Sinegubov. Em Dnipro, no centro-leste da Ucrânia, um funcionário de uma central térmica perdeu a vida em decorrência dos bombardeios. Autoridades locais relataram danos em seis regiões, enquanto a empresa nacional de energia, Ukrenergo, apontou que o ataque comprometeu severamente as operações das centrais térmicas.
Ucrânia abate mísseis, mas ataques russos deixam diversas regiões sem energia
Apesar da gravidade do ataque, as forças de defesa ucranianas conseguiram abater 59 dos 78 mísseis lançados, além de 54 drones, segundo a Força Aérea do país. Ainda assim, os projéteis que escaparam das defesas aéreas foram suficientes para causar cortes no fornecimento de energia e aquecimento em várias localidades. O presidente Zelensky reforçou que a Rússia “responde com terror” às iniciativas internacionais por um cessar-fogo, enquanto o ministro da Energia, German Galushchenko, afirmou que as autoridades estão trabalhando para limitar os danos e restabelecer o abastecimento o mais rápido possível.
Intensificação dos conflitos na Ucrânia e países vizinhos
Os bombardeios russos afetaram o território ucraniano e trouxeram implicações para países vizinhos. Um dos mísseis russos teria passado pelos espaços aéreos da Moldávia e da Romênia, embora as autoridades romenas neguem ter detectado qualquer incursão em seu território.
Enquanto isso, do lado russo, a região de Kursk sofreu ataques ucranianos, com quatro mortos e vários feridos em Lgov, uma cidade próxima à fronteira. Esses eventos ocorrem em um momento em que ambos os lados intensificam suas operações militares. O exército russo, por exemplo, anunciou a captura da localidade de Vidrodzhennia, próxima a Pokrovsk, um ponto estratégico para as forças ucranianas.
Rússia intensifica ofensiva no Natal em meio a tensões culturais e resistência ucraniana
A escolha do Natal como data para a ofensiva russa foi amplamente interpretada como uma tentativa de minar a resiliência do povo ucraniano, que celebra a festividade em 25 de dezembro como um ato de desafio à Rússia, ao adotar o calendário ocidental em vez do calendário ortodoxo tradicional. Esta foi apenas a segunda vez que a Ucrânia comemorou oficialmente o Natal nessa data, após a oficialização da mudança em 2023.
O ataque também reflete o momento delicado das relações internacionais. Vladimir Putin prometeu no domingo, antes do bombardeio, que a Ucrânia enfrentará ainda mais “destruição”, enquanto a Ucrânia segue firme em sua estratégia de resistência.
Ataques russos intensificam conflito e geram condenação internacional
A expectativa é que as ações de ambos os países se intensifiquem à medida que se aproxima a posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que prometeu buscar uma solução rápida para o conflito.
Desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, os ataques russos têm causado danos severos à infraestrutura energética da Ucrânia, resultando em frequentes apagões que dificultam a vida da população durante os meses mais frios. Em resposta, líderes internacionais, como o primeiro-ministro britânico Keir Starmer, condenaram veementemente as ações russas e elogiaram a resiliência do povo ucraniano diante das adversidades.