O governo dos Estados Unidos aprovou uma proposta de venda de 20 caças F-16 Block 70/72 para as Filipinas, num contrato avaliado em US$ 5,58 bilhões. O valor impressiona: cerca de US$ 280 milhões por aeronave — um custo superior ao de algumas aquisições recentes do caça de quinta geração F-35. O anúncio foi feito pela Agência de Cooperação em Segurança e Defesa (DSCA), que notificou o Congresso americano sobre a solicitação feita pelo próprio governo filipino.
O pacote negociado inclui não apenas as aeronaves, mas também um vasto conjunto de equipamentos e armamentos: 22 radares AESA, 24 motores sobressalentes, 112 mísseis de longo alcance AIM-120C8, 40 mísseis AIM-9X, 36 bombas GBU-39, além de bombas adicionais — tanto guiadas quanto não guiadas — e sistemas de guerra eletrônica, pods de mira, visão noturna e comunicações avançadas.
Gripen perde espaço no sudeste asiático em meio à escalada com a China
Nos últimos anos, o caça Gripen, da sueca Saab, era apontado como favorito na concorrência filipina, devido ao seu custo-benefício e às declarações de autoridades que criticavam o alto valor das ofertas norte-americanas. No entanto, a decisão recente reverte completamente esse cenário e representa um revés para a fabricante sueca, que vem enfrentando dificuldades para consolidar exportações em um mercado altamente competitivo dominado por F-16, Rafale e F-35.
Apesar da aprovação da venda pelos Estados Unidos, o acordo ainda não foi oficialmente firmado. Mesmo assim, o fato de o pedido ter partido do próprio governo filipino reforça a preferência atual pelo F-16, especialmente diante da crescente aproximação estratégica com Washington. Um ponto notável é que o contrato não prevê qualquer forma de compensação industrial, como transferência de tecnologia ou produção local — algo geralmente valorizado em aquisições desse porte.
Aquisição ocorre em meio a tensões com a China e alerta sobre Taiwan
A decisão de adquirir os F-16 ocorre em um momento delicado na geopolítica regional. O ministro da Defesa das Filipinas alertou recentemente sobre o risco iminente de envolvimento do país em um eventual conflito em Taiwan, destacando tentativas de infiltração chinesa nas Forças Armadas filipinas. Segundo o ministro, “já estamos em guerra”, sugerindo que a preparação militar é urgente frente a uma possível escalada no Mar do Sul da China.
Nesse contexto, a interoperabilidade dos F-16 com sistemas dos Estados Unidos e da OTAN pode ter sido determinante na escolha, especialmente diante da expectativa de apoio ocidental em caso de conflito. A Força Aérea de Taiwan também opera caças F-16 e já iniciou a incorporação das unidades mais modernas do mesmo bloco adquirido pelas Filipinas.
A informação foi divulgada por Águias de aço, que acompanha os desdobramentos da aviação militar e destacou o impacto geopolítico e comercial da decisão filipina.
O canal alerta que ainda podem surgir novos detalhes sobre o acordo, incluindo a justificativa para o custo elevado da compra — mesmo considerando o extenso pacote adicional.