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A incrível Guerra aos Emus: quando a Austrália lutou contra aves… e perdeu!

Em 1932, a Austrália travou uma batalha militar inusitada. Conheça a história da Guerra aos Emus, um conflito que se tornou uma anedota histórica e uma lição sobre os limites da força.

por Bruno Teles
09/05/2025
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Acredite se quiser, mas em 1932, a Austrália mobilizou seu exército, completo com metralhadoras, não contra uma nação inimiga, mas contra aves. Este episódio bizarro, conhecido como a Grande Guerra aos Emus, viu soldados enfrentando milhares de emas que devastavam plantações na Austrália Ocidental. O resultado? Uma campanha frustrante que terminou com as emas, de certa forma, como vencedoras.

Esta é a história de um dos conflitos mais surreais da história militar, a Guerra aos Emus, onde a resiliência da natureza superou a força bélica de maneira cômica e instrutiva. Prepare-se para conhecer os detalhes deste confronto inusitado.

Por que a Austrália declarou guerra a pássaros?

O palco para a inusitada Guerra aos Emus foi montado após a Primeira Guerra Mundial. Veteranos australianos receberam terras do governo para cultivar trigo na Austrália Ocidental, muitas vezes em áreas pouco férteis. A vida já era difícil, mas a Grande Depressão, iniciada em 1929, tornou a situação crítica com a queda drástica nos preços do trigo e promessas de subsídios não cumpridas.

Em meio a essa crise, cerca de 20.000 emas em migração encontraram um paraíso nas terras recém-cultivadas, com água e alimento farto. As aves consumiam e estragavam as plantações, além de danificar cercas, permitindo a entrada de outras pragas como coelhos. Desesperados, os agricultores, muitos deles ex-soldados, viram nas emas a gota d’água. Um fator que facilitou a decisão drástica foi a reclassificação das emas, em 1922, de espécie protegida para “vermin” (praga), removendo barreiras morais para um abate em larga escala.

Exército em campo

A incrível Guerra aos Emus: quando a Austrália lutou contra aves... e perdeu!

Diante do apelo dos agricultores, o Ministro da Defesa, Sir George Pearce, autorizou o uso de militares e metralhadoras. As motivações de Pearce incluíam ajudar os agricultores, usar as aves como alvo para treino de tiro e, possivelmente, uma manobra política para acalmar o descontentamento na região. A força expedicionária era modesta: Major G.P.W. Meredith, da Artilharia Real Australiana, liderava apenas dois soldados, o Sargento S. McMurray e o Artilheiro J. O’Halloran.

Seu arsenal para a Guerra aos Emus consistia em duas metralhadoras automáticas Lewis, uma arma da Primeira Guerra Mundial, e 10.000 cartuchos de munição. O governo da Austrália Ocidental financiaria o transporte, e os agricultores forneceriam suprimentos e munição. A operação, que visava também coletar peles de ema para chapéus militares, demonstrava uma abordagem bélica para um problema essencialmente ecológico.

Primeiras batalhas e frustrações: as emas mostram suas táticas na Guerra aos Emus

A primeira fase da Guerra aos Emus começou em 2 de novembro de 1932 e foi marcada pela frustração. As emas se mostraram alvos incrivelmente difíceis. Com velocidade e imprevisibilidade desconcertantes, as aves se dispersavam em pequenos grupos ao menor sinal de perigo, neutralizando as emboscadas. Em uma ocasião, uma metralhadora encravou após abater poucas aves de um grupo de mais de mil.

As tentativas de usar camiões para encurralar as emas ou como plataformas de tiro móveis falharam, pois os veículos não acompanhavam a velocidade das aves em terreno irregular. O Major Meredith chegou a comparar a resiliência das emas, que continuavam correndo mesmo após serem atingidas, à de guerreiros Zulus ou tanques. Após cerca de 2.500 munições disparadas e um número incerto de abates (estimado entre 50 e 500), a operação foi suspensa em 8 de novembro, em meio ao ridículo nacional e piadas no parlamento.

A segunda investida e o “sucesso” questionável 

A retirada militar não resolveu o problema, e os agricultores, enfrentando ataques contínuos e uma seca, pediram novamente ajuda. O Ministro Pearce aprovou a retomada da Guerra aos Emus, e Meredith voltou ao campo em 13 de novembro. Esta segunda fase pareceu inicialmente mais bem-sucedida, com cerca de 40 emas abatidas nos primeiros dias e uma média de 100 por semana posteriormente.

Ao ser chamado de volta em 10 de dezembro, Meredith relatou 986 abates confirmados com 9.860 munições – exatamente 10 tiros por ave. Ele ainda alegou que outras 2.500 aves feridas morreram depois, números que são contestados. Apesar do aumento nos abates, a Guerra aos Emus foi amplamente vista como um fracasso pela ineficiência e alto custo de munição. Popularmente, as emas foram consideradas as vencedoras.

O legado da Guerra aos Emus: lições de um conflito bizarro e suas consequências

Apesar da pressão dos agricultores, pedidos subsequentes por intervenção militar nos anos seguintes foram recusados. O governo mudou de tática: passou a fornecer munição diretamente aos agricultores e intensificou o sistema de recompensas por emas mortas, que se provou muito mais eficaz – em 1934, mais de 57.000 recompensas foram pagas em apenas seis meses. A solução mais duradoura foi a construção de cercas de exclusão, embora controversa pelo impacto nas rotas migratórias das aves.

A Guerra aos Emus permanece como um episódio caricato na história australiana, ilustrando os limites da força militar diante de desafios ecológicos. As soluções mais efetivas vieram da adaptação e da ação comunitária. Este evento bizarro, que inspirou até adaptações culturais, serve como um lembrete de que, por vezes, a natureza tem formas inesperadas de prevalecer, e que a Guerra aos Emus foi mais que um fiasco: foi uma lição.

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