Um terço da força nuclear aérea da Rússia virou fumaça; Serão necessárias até décadas para recuperar poder aéreo russo após ataque da Ucrânia
Rússia não possui substitutos à vista para as perdas devido ao ataque da Ucrânia.
Ucrânia devasta bombardeiros nucleares da Rússia com drones baratos — e Moscou pode nunca se recuperar
É oficial: a Ucrânia acaba de mudar o jogo da guerra moderna, talvez inflingindo à Rússia uma ferida estratégica da qual Moscou jamais se recupere. Em uma operação ousada batizada de Teia de Aranha, o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) confirmou a destruição de 34% da frota de bombardeiros estratégicos russos. São aeronaves que integram sobretudo a temida tríade nuclear do Kremlin. Um terço do arsenal aéreo nuclear da Rússia virou fumaça, literalmente, após o ataque da Ucrânia.
De acordo com a agência ucraniana Defense Express, as perdas para Moscou ultrapassam os US$ 7 bilhões. No entanto, o valor real vai muito além do dinheiro. Ainda de acordo com a publicação, “o custo real não está na substituição do equipamento, mas no revés estratégico”. A agência destacou ainda que a Rússia pode nunca se recuperar totalmente dessas perdas.
O fator mais impressionante é que os ataques foram realizados com drones FPV pequenos, baratos e equipados com inteligência artificial. Muitos programados com base em dados de aviões soviéticos preservados em museus. É como vencer um enxame de tanques com estilingues inteligentes.
A maior perda da aviação estratégica russa em toda a história
De acordo com fontes do SBU, os drones atacaram áreas sensíveis dos bombardeiros, tornando qualquer tentativa de reparo impossível. Para um país que não produz bombardeiros estratégicos novos desde os anos 1990, trata-se sobretudo de um desastre de proporções históricas.
Segundo especialistas, a Rússia hoje depende de uma frota velha e extremamente limitada:
- Tu-160: considerado o bombardeiro mais moderno da Rússia, é montado a partir de fuselagens soviéticas inacabadas. Desde 2022, apenas dois foram concluídos, e apenas mais dois estão em andamento.
- Tu-95MS: os russos possuem entre 40 e 60 unidades, mas menos da metade receberam modernização para lançar mísseis Kh-101. As demais estão ultrapassadas e nem sequer podem ser atualizadas.
- Tu-22M3: é tecnicamente de longo alcance, mas não estratégico. A frota restante é de menos de 55 unidades. Muitas estão fora de operação.
E o que é mais grave: nenhum novo Tu-95 ou Tu-22M3 está sendo fabricado.
PAK DA: a grande esperança… ou uma ilusão?
A única esperança da Rússia seria o ambicioso programa PAK DA. O PAK DA é um bombardeiro furtivo, ou stealth, que vem sendo anunciado há mais de uma década. Oficialmente chamado de Izdeliye 80, o bombardeiro deveria voar em 2025 e entrar em serviço em 2027. Mas a realidade é outra: em 2021 ainda havia apenas uma maquete estática para testes de solo.
De acordo com especialistas, um protótipo funcional está, no melhor dos cenários, de 10 a 20 anos de distância. Isso, ainda, se a Rússia conseguir superar a crise industrial e os abalos econômicos causados pela guerra e pelas sanções internacionais.
Ou seja: a Rússia não possui substitutos à vista para as perdas devido ao ataque da Ucrânia.
O custo da guerra moderna: bombardeiros viram “bens de luxo”
Mesmo que o PAK DA ganhe vida, a Rússia terá outro obstáculo gigantesco pela frente: o custo. Basta olhar para o exemplo dos Estados Unidos, que fabricaram apenas 21 unidades do bombardeiro furtivo B-2 Spirit. Cada uma custou mais de US$ 2 bilhões.
Na atual conjuntura, para Moscou, cada novo bombardeiro seria um “bem de luxo”, sobretudo fora do alcance de uma economia cada vez mais fragilizada.
Como curiosidade (ou escândalo), vale lembrar que a Rússia já havia aumentado sua frota de bombardeiros décadas atrás de maneira sobretudo controversa. Nos anos 1990, os russos pegaram de volta, sem pagar, cerca de 40 aeronaves do Cazaquistão, num acordo obscuro que até hoje levanta sobrancelhas. Agora, parte desse “acervo herdado” virou sucata em chamas.
A pergunta que fica: quantas décadas e quantos bilhões serão necessários para reconstruir a força de bombardeiros estratégicos da Rússia? A resposta, ao que tudo indica, é: provavelmente mais do que o país pode arcar em tempos de guerra, sanções, desgaste político e isolamento.
A guerra está mudando. E Moscou sentiu o golpe como nunca.