Em um cenário que simula conflitos de alta complexidade, as Forças Armadas brasileiras têm investido cada vez mais em integração logística e capacidade de pronta resposta.

No centro desse esforço, uma operação recente da Força Aérea Brasileira (FAB) vem chamando a atenção por seus desdobramentos estratégicos e tecnológicos.

Durante o exercício operacional AIRLIFT COMAO 2025, a FAB realizou o transporte do sistema ASTROS II utilizando a aeronave KC-390 Millennium, um feito que representa mais do que uma simples manobra logística: trata-se de um passo decisivo na validação da interoperabilidade entre Exército e Aeronáutica.

Segundo informações do portal ”Tecnologia e defesa”, a operação ocorreu no dia 4 de junho de 2025, na Base Aérea de Anápolis (BAAN), em Goiás, e integrou uma série de atividades que simulam ações de combate e mobilização em tempo real.

Operação envolveu equipamentos estratégicos do Exército

O protagonista da missão foi o ASTROS II, um dos mais sofisticados sistemas de lançadores múltiplos de foguetes do mundo, desenvolvido pela brasileira Avibras.

Capaz de disparar diferentes tipos de foguetes e mísseis com alta precisão, o sistema é composto por viaturas blindadas com tecnologia de ponta, incluindo veículos de comando e controle, apoio logístico e postos de recarga.

A viatura envolvida na operação pertence ao 16º Grupo de Mísseis e Foguetes (16º GMF), conhecido como “Grupo Visconde de São Leopoldo”, sediado em Formosa (GO).

Com cerca de 24 toneladas, o ASTROS II foi embarcado com sucesso após os testes de solo, que incluíram ancoragem, taxiamento e checagens operacionais.

KC-390 mostra força e versatilidade

A aeronave utilizada foi o KC-390 Millennium, o maior avião militar já produzido no Brasil, fruto da parceria entre a Embraer e a FAB.

Designado como substituto dos veteranos C-130 Hércules, o KC-390 tem sido destaque pela capacidade de cumprir múltiplas missões, como transporte logístico, reabastecimento em voo, evacuação aeromédica e lançamento de paraquedistas.

Na operação com o ASTROS II, o KC-390 demonstrou sua robustez ao transportar o pesado sistema sobre rodas com segurança e estabilidade, mesmo em condições simuladas de combate.

A missão foi conduzida pelo 1º Grupo de Transporte de Tropa (1º GTT), conhecido como Esquadrão Zeus, especializado em ações de apoio a tropas terrestres.

Integração entre Exército e Aeronáutica é prioridade

Durante o exercício, além do transporte da viatura, foram realizadas outras missões típicas de operações conjuntas, como lançamento de cargas, infiltração de forças especiais e evacuação médica.

A integração entre os ramos das Forças Armadas foi um dos principais objetivos da ação, fortalecendo a doutrina de interoperabilidade exigida pelas novas diretrizes de defesa nacional.

De acordo com o major aviador Anderson Dias Santiago, Oficial de Operações do 1º GTT, a operação reforça não apenas a preparação técnica da FAB, mas também o alinhamento estratégico com o Exército Brasileiro.

“Demonstramos, de forma concreta, o preparo e a prontidão das nossas Forças para cumprir missões cada vez mais complexas e estratégicas“, destacou o oficial.

Missão testou mobilidade e desempenho em voo

Após o embarque e todos os testes em solo, foi realizado um voo tático com o ASTROS II a bordo, sobre espaço aéreo previamente delimitado.

A operação incluiu um pouso de alto desempenho e o desembarque seguro da viatura, encerrando a missão com sucesso.

Durante todo o processo, foram monitoradas variáveis como estabilidade em voo, ancoragem da carga, tempo de resposta e capacidade de mobilização sob condições adversas.

A missão também avaliou o desempenho do sistema ASTROS II em operações diurnas e noturnas, ampliando os parâmetros de análise para futuras ações conjuntas.

Tecnologia nacional em destaque

Além de fortalecer a capacidade operacional das Forças Armadas, a operação também teve o mérito de colocar em evidência duas das maiores conquistas da indústria de defesa nacional: o ASTROS II e o KC-390.

O primeiro, referência mundial em artilharia de saturação, tem sido exportado para diversos países.

Já o segundo, símbolo da inovação aeronáutica brasileira, vem sendo adquirido por forças aéreas internacionais, como as da Hungria, Portugal, Áustria e República Tcheca.

Ambos os sistemas representam um salto tecnológico com implicações estratégicas não só para a defesa nacional, mas também para a projeção internacional do Brasil.