A surpreendente história real do brasileiro ‘azarado’ que foi comprar pão e acabou como soldado do exército da Alemanha
Ele só queria um pão. Acabou no exército alemão e depois em um campo soviético. Veja a chocante história do brasileiro Horst Brenke!

Imagine acordar com vontade de tomar um simples café da manhã, sair de casa para comprar um pão e, em questão de horas, ser arrastado para uma das forças mais temidas da história da humanidade. Parece roteiro de filme, mas foi exatamente isso que aconteceu com um jovem brasileiro de Curitiba, no fim da Segunda Guerra Mundial.
A história de Horst Brenke é tão inacreditável quanto real. E hoje você vai conhecer cada detalhe dessa jornada que começou com um café da manhã e terminou nos campos de trabalho da Alemanha e da União Soviética.
Sul do Brasil: um pedaço da Europa em terras tropicais
Para entender o que aconteceu com Horst, primeiro é preciso voltar um pouco no tempo. No final do século XIX e começo do XX, milhares de imigrantes europeus vieram para o Sul do Brasil. O clima mais frio da região atraía principalmente alemães, italianos e poloneses, que buscavam um novo lar.
Não por acaso, até hoje se ouve que o Sul do país é a “Europa brasileira”. Famílias inteiras se estabeleceram por lá, e durante muito tempo era comum que seus descendentes circulassem entre o Brasil e seus países de origem.
Mais do que isso, o conceito de nacionalidade naquela época era bem diferente do que conhecemos hoje. Se você fosse filho de alemães, pouco importava se tivesse nascido no Brasil, no Japão ou na Sibéria, na Alemanha, você ainda seria considerado alemão. Isso foi decisivo para o desenrolar da história de Horst.
A Alemanha em colapso e um exército em desespero
Em 1945, a situação da Alemanha era dramática. O exército nazista havia perdido milhões de soldados no front, e faltavam homens para sustentar a guerra. A solução brutal adotada foi recrutar jovens e até crianças para alimentar as fileiras da Wehrmacht e das tropas juvenis de Hitler.
Segundo o historiador Richard Bessel, professor da Universidade de York, “no início de 1945, a mobilização da juventude foi levada ao extremo, com garotos de 12 a 16 anos sendo enviados para o combate”. Era uma medida desesperada que jogaria milhares de vidas inocentes em um conflito que já estava perdido.
O brasileiro azarado que queria apenas um pão
Nesse cenário caótico, o jovem curitibano Horst Brenke viajou para Berlim no início de 1945 para resolver uma questão familiar. Filho dos alemães Richard e Margarete Brenke, ele tinha dupla ligação cultural: brasileiro de nascimento, mas visto como alemão pelos nazistas.
No dia 6 de janeiro daquele ano, Horst acordou com fome e decidiu fazer algo banal: comprar pão. A mãe tentou convencê-lo a não sair. A cidade estava em ruínas, com escombros, tanques e bombardeios por toda parte. Mas Horst estava determinado a tomar seu café da manhã e ignorou o aviso.
O que ele não sabia era que, naquele exato dia, soldados nazistas faziam uma blitz para recrutar novos combatentes.
De comprador de pão a soldado do exército
Quando chegou à padaria, Horst foi abordado por um soldado que, ao ver seu perfil jovem e saudável, decidiu que ele seria útil no front. Tentou explicar em vão que era brasileiro, que não tinha ligação com a guerra e que estava em Berlim por acaso. Mas isso pouco importou.
O recrutador respondeu, em tom seco: “Veio comprar pão? Agora vai lutar pelo Führer”. Assim, de forma absurda, Horst foi lançado à força no exército nazista.
Do front à prisão soviética! Sem ter escolha, Horst vestiu o uniforme e foi mandado para a linha de frente. Mas o azar não terminou aí. Poucas semanas depois, ele foi capturado pelas tropas comandadas por Ivan Konev, um dos mais temidos generais da União Soviética.
Konev era conhecido por sua liderança implacável e pela ofensiva que levou as forças soviéticas até Berlim. Em janeiro de 1945, suas tropas avançavam rapidamente sobre a capital alemã. Leia mais sobre Ivan Konev aqui.
Horst, que só queria um pão, acabou se tornando prisioneiro de guerra em um dos campos de trabalhos forçados soviéticos. Sua vida virou um pesadelo — e tudo começou com um simples café da manhã.
Um diário que prova que a história é real
Você pode estar se perguntando: será que tudo isso aconteceu mesmo? A resposta é sim. O episódio é contado em detalhes pelo jornalista Tárciso Badaró no livro Era um Garoto — O Soldado Brasileiro de Hitler.
Badaró teve acesso ao diário pessoal de Horst Brenke, um documento com 76 páginas onde ele narra toda a sua experiência, desde o recrutamento forçado até os duros dias como prisioneiro soviético.
O autor destaca em entrevistas que “o relato de Horst ajuda a entender como a guerra afetou não apenas soldados, mas também civis inocentes que foram tragados pelo conflito de forma aleatória e cruel”.
A grande lição: escute sua mãe! Se há uma lição que essa história nos deixa, é bem simples: sempre escute sua mãe. Se Horst tivesse ficado em casa naquele dia fatídico, teria evitado meses de sofrimento e uma jornada que nenhum jovem brasileiro poderia imaginar. Também nos mostra como episódios incríveis e desconhecidos da história brasileira estão espalhados pelo mundo, esperando para ser contados.
Gostou dessa história inusitada? Já conhecia o caso de Horst Brenke? Se achou interessante, deixe seu comentário abaixo e compartilhe este artigo com seus amigos. Quem sabe você não ajuda a divulgar mais um capítulo surpreendente da nossa história!