Linchamentos, justiçamentos… O partido do governo incentiva a “justiça” com as próprias mãos. Joaquim Barbosa ameaçado!
O Brasil vive uma onda de “justiçamentos”. Ações de pessoas que, geralmente em grupo, procuram resolver com as próprias forças as questões que lhes afligem. Assumem um papel que deveria ser reclamado pelo Estado. Contudo, isso não acontece por acaso, não vem “do nada”, como dizem por aí. Vem de ações e omissões seguidas de um governo composto em grande parte por pessoas que no passado se acharam no direito também de fazer a tal “justiça” com as próprias mãos. E que tem como aliados políticos vários grupos que ainda procedem dessa maneira, ignorando que vivemos em um estado de direito.
O PT, da Presidente Dilma e do idolatrado Luis Inácio Lula, despudoradamente exalta e protege criminosos condenados e presos que ocupam o presídio da Papuda. No interior do partido nota-se que há certo sentimento de que seus membros estão acima da lei, talvez por confiar que serão também protegidos. Isso parece ser tão evidente que um conselheiro petista resolveu, segundo reportagem publicada ha poucos dias pela Veja, extrapolar o extremo da racionalidade. Ele ameaçou de morte o Ministro-chefe do Supremo Tribunal Federal, “caso aconteça alguma coisa com José Genoíno".
Provavelmente acreditou que o sistema o protegeria.
Veja a mensagem atribuída a Sérvolo Aymoré, membro – pasmem – da Comissão de ética do PT.
Que ética seria essa? Pergunto.
"Contra Joaquim Barbosa toda violência é permitida, porque não se trata de um ser humano, mas de um monstro e de uma aberração moral das mais pavorosas… Joaquim Barbosa deve ser morto. Ponto Final. Estou ameaçando a um monstro que é uma ameaça ao meu país. Barbosa é um monstro e como monstro deve ser tratado”.
O PT é indissociável do planalto. Portanto, as atitudes, ou “não atitudes”, do partido serão sempre entendidas como consoantes com o pensamento da Presidente. A instituição deveria pelo menos emitir uma nota repudiando tal declaração, ou a presidente deveria, no mínimo, dizer em rede nacional que discorda de tais posições.
Mas, o PT já avisou que não vai se manifestar. A Presidente está calada.
Hoje (12/05/2014) pela manhã dezenas de ônibus foram atravessados em ruas e avenidas do centro de São Paulo. Algumas dezenas de rodoviários de uma única empresa querem reajuste salarial. Eles acham que é justo receberem um salário melhor, e em nome da própria justiça, descumprindo a lei, impedem o direito de ir e vir de centenas de milhares de pessoas. Emergências médicas, aulas, serviços essenciais, tudo isso é prejudicado por conta de mais um grupo que segue a onda de “fazer justiça social” que assola o país.
Há algumas semanas dezenas de moradores de uma favela no Guarujá, fazendo também a sua própria justiça, assassinaram uma dona de casa porque a mesma tinha os cabelos loiros e havia dado uma banana para uma criança. Para eles isso era a prova de que era uma suposta bruxa que sequestrava crianças para rituais de magia negra.
É bastante obvio que todas essas questões estão ligadas. A sociedade é sustentada por um emaranhado de instituições sociais, direitos, regras, costumes etc. A própria fé de que a lei é igual para todos, e de que vai ser cumprida, faz parte disso tudo. Esse conjunto é chamado de estrutura social.
Quando existe certeza de que a lei pode ser relativizada ha uma rachadura grave na estrutura, que pode gerar o desmonte, o caos.
Um texto encontrado no site do MST é uma pequena amostra desse interesse por forçar uma relativização da lei. O articulista tenta desestimular o cumprimento da lei dizendo que o Brasil está criminalizando a luta por justiça social. O texto acusa, pasmem, o Judiciário e a policia de nada mais nada menos que… Cumprir a lei!
“Assim, a onda de violência e criminalização que os movimentos sociais enfrentam ultimamente, tendo setores do Poder Judiciário e o aparato policial como instrumentos executores dessa política… Para justificar a repressão agora, setores do Judiciário afirmam — contando com o apoio e reforço da mídia — que os movimentos sociais do campo, especialmente o MST, colocam em risco o Estado Democrático de Direito. ”
Na medida em que se recebe com beijos e afagos no gabinete presidencial pessoas que com suas próprias mãos vandalizam e invadem propriedade alheia – como foi feito com o MST e MTST – está se enviando para todos os brasileiros que possuem alguma demanda um recado parecido com esse aí:
Não temos condições de prover as soluções para todos os problemas, mas somos um governo de revolucionários, acreditamos que a sociedade unida pode fazer a verdadeira justiça social. Por isso, nós apoiaremos e protegeremos aqueles que cometem crimes em nome dos interesses da coletividade. Se vocês acham que aquela terra é improdutiva, invadam. Isso vai apressar a burocracia para a expropriação. Se vocês não têm casa, invadam edifícios, isso vai acelerar a implementação de políticas habitacionais. Se vocês querem a apuração mais rápida de algum crime, queimem ônibus, isso vai acelerar a solução… Se vocês querem justiça social, seja em que situação, tomem a iniciativa e a façam, o governo vai lhes apoiar.
Sobre o linchamento no Guarujá, obvioamente não foi o comentário de Rachel Sheherazade, como dizem alguns, que incentivou oocorrido.
Um comentário do jornalista Boechat, que foi repetido no Congresso por Luis Couto, deputado federal do PT, diz, entre outras coisas, que: "Esse crime aí, minha gente… tem tanta responsabilidade nele o autor do boato espalhado pela internet (…) quanto pessoas que mesmo em emissoras de tevê estimulam a cultura da justiça com as próprias mãos. Isso está dentro do mesmo panorama que propicia, que estimula, que justifica linchamentos como os que nós andamos vendo recentemente em várias cidades do país, ou tentativas de linchamento. É a hora dessas pessoas virem a público e dizer como se sentem ante a consumação de sua própria teoria".
Luiz Couto teve a coragem de dizer que o sangue das vítimas está nos microfones dos comunicadores que estimulam esse tipo de prática.
Não são comunicadores, apresentadores ou comentaristas de telejornais que abalam as estruturas e geram esse panorama que estimula linchamentos, dificilmente eles teriam esse poder. O sangue das vítimas está em outras mãos. O que incentivou o linchamento no Guarujá, a surra em um menor no Rio, a pintura nos pixadores e inúmeros casos similares, foram as omissões e conivência de membros do governo, que tem compactuado com as diversas ações ilegais que ocorrem sistematica e impunemente todos os dias já ha muito tempo, gerando na sociedade a impressão de que tudo aquilo que se faz em grupo é parte da implantação de uma espécie de “justiça social”.
Nenhuma lei pode ser burlada, nenhum crime pode ser relevado, seja realizado em grupo ou individualmente. Todas as infrações devem ser apuradas e as punições divulgadas para dissuadir potenciais infratores. Somente quando a sociedade ver nas autoridades a disposição em aplicar a lei rigorosamente em relação a TODAS as infrações que chegam ao seu conhecimento, independente de partidos e movimentos dos quais façam parte os suspeitos, a criminalidade, o vandalismo e os justiçamentos que tem ocorrido vão diminuir.
Texto em REVISTA SOCIEDADE MILITAR
https://sociedademilitar.com.br
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