Quando se fala em navios de guerra, a primeira imagem que muitos fazem é a de uma embarcação blindada, cheia de caças e mísseis, cruzando os oceanos em missões de combate.
Mas o USS Harry S. Truman, um porta-aviões nuclear da Marinha dos Estados Unidos, vai muito além disso.
Ele é, literalmente, uma cidade flutuante de proporções impressionantes, capaz de abrigar milhares de pessoas com toda a estrutura de serviços e conforto necessários para longas missões no mar.
O colosso dos mares: tecnologia e estrutura de um verdadeiro monstro naval
Inaugurado oficialmente em julho de 1998, o USS Harry S. Truman foi construído ao longo de quase cinco anos, desde o início das obras em novembro de 1993.
O custo total do navio foi de US$ 4,5 bilhões, uma quantia que dá a dimensão da grandiosidade do projeto.
Ele é o nono porta-aviões nuclear da classe Nimitz, com impressionantes 333 metros de comprimento, o equivalente a mais de três campos de futebol.
Movido por dois potentes reatores nucleares, o navio possui quatro motores principais, quatro hélices e quatro catapultas que lançam caças a jato em alta velocidade.
Além disso, há quatro elevadores de aeronaves que transportam os aviões entre os hangares e o convés de voo.
Toda essa engenharia permite que o porta-aviões realize operações simultâneas de decolagem, pouso e manutenção, com um nível de eficiência militar que só uma superpotência como os Estados Unidos consegue manter.
Vida a bordo: como é viver dentro de uma cidade que navega pelos oceanos
Embora seja uma máquina de guerra, o USS Harry S. Truman também funciona como uma cidade em pleno mar.
Milhares de tripulantes passam semanas, ou até meses, vivendo dentro da embarcação, e precisam de conforto, alimentação e serviços básicos.
Por isso, o porta-aviões conta com uma estrutura digna de uma pequena metrópole.
Segundo o portal ”Uol”, são servidas cerca de 18 mil refeições por dia, com uma cozinha industrial em funcionamento constante.
A bordo, há barbearia, academia, clínica médica e até uma cafeteria que serve café da rede Starbucks, segundo revelou uma reportagem da Reuters em 2016.
A logística para abastecer tudo isso é igualmente impressionante: são mais de 140 mil rolos de papel higiênico armazenados no navio, além de 600 mil canetas esferográficas e mais de 1,5 milhão de folhas de papel.
O navio possui até um Código de Endereçamento Postal (CEP) próprio, o que permite o recebimento de correspondências e encomendas para os tripulantes, mesmo em alto-mar.
Defesa aérea de última geração: mísseis e armamento de ponta
Embora o foco desta matéria seja o cotidiano e a estrutura do porta-aviões, não se pode ignorar seu imenso poder de fogo.
O USS Harry S. Truman é equipado com dois sistemas de mísseis MK 57 Mod 3 Sea Sparrow, projetados para interceptar ameaças aéreas e de superfície.
Além disso, conta com três canhões Phalanx CIWS MK 15 de 20 mm — sistemas automáticos de defesa antiaérea — e dois sistemas de mísseis Rolling Airframe (RAM), capazes de neutralizar mísseis inimigos com altíssima precisão.
Esse conjunto de defesa garante que o porta-aviões tenha proteção completa contra ameaças enquanto atua como base aérea móvel.
Uma potência sobre as águas: presença global e papel estratégico
Desde que entrou em serviço, o USS Harry S. Truman já participou de diversas operações militares e exercícios de segurança naval em todo o mundo.
Sua capacidade de projetar poder aéreo em regiões de conflito faz dele uma peça-chave na estratégia de dissuasão militar dos Estados Unidos.
Mas além disso, a embarcação também cumpre um papel diplomático e de presença global.
Em visitas a portos estrangeiros, sua presença costuma atrair atenção e demonstrar a força da Marinha americana sem necessidade de disparar um único míssil.
A vida por trás dos uniformes: rotinas, curiosidades e desafios
Dentro do navio, a rotina dos militares é intensa.
Cada tripulante tem sua função bem definida, e o trabalho ocorre em turnos que garantem a operação ininterrupta da embarcação 24 horas por dia.
Mesmo com a infraestrutura a bordo, o ambiente pode ser desafiador.
O espaço é limitado, as camas são estreitas, e a convivência com milhares de colegas exige disciplina e respeito rigoroso às regras.
Para manter o moral da tripulação, atividades recreativas, sessões de cinema, cultos religiosos e até competições esportivas são realizadas.
Uma cidade que navega: o futuro dos porta-aviões e da vida militar no mar
O USS Harry S. Truman é mais do que uma plataforma de combate.
Ele representa o ápice da engenharia naval e da capacidade humana de construir cidades móveis, adaptadas aos desafios estratégicos do século XXI.
Com a modernização contínua da frota americana, esse tipo de embarcação continua sendo essencial para manter a superioridade dos EUA em cenários de conflito e dissuasão global.
Mas também serve como exemplo de como tecnologia, logística e cotidiano podem coexistir em um ambiente tão extremo como o alto-mar.