Poucas pessoas sabem, mas 50 militares do Exército brasileiro, sob comando de um capitão e após o período do regime militar, invadiram uma prefeitura equipados com armamento leve, farda de combate e capacete, para entregarem um manifesto exigindo direitos para a tropa.
O capitão do Exército Luiz Fernando Walther de Almeida, então comandante da 1ª Companhia de Fuzileiros do 30º Batalhão de Infantaria Motorizado, reuniu 50 homens com “armamento leve, fardo de combate e capacete de aço”, cercou a prefeitura de Apucarana e entrou, armado com uma metralhadora, no gabinete do prefeito, onde entregou um “manifesto” contra “as autoridades políticas do país”.
A tropa tomou o prédio por cerca de dez minutos. Cópias do “manifesto” foram distribuídas pelos soldados a emissoras de rádio e TV da região. (Agência Pública)
Em momentos de tensão é sempre bom lembrar do que de fato são capazes nossos militares, assim como a responsabilidade que têm aqueles que ocupam cargos de comando.
“Me ensinaram nas escolas militares que o militar zela pelas condições de vida digna dos seus comandados, tanto quanto pela manutenção da disciplina e dos deveres castrenses. Eu levei isso ao máximo, talvez além.
Eu cometi o crime para chamar a atenção de uma situação injusta sem medo de errar”, disse o Luiz Fernando Walther de Almeida em entrevista a Tribuna do Norte.
22 de outubro de 1987. Horário: 10 horas.
Cerca de 50 militares do 30º Batalhão de Infantaria Motorizado (BIMtz) desembarcam em quatro viaturas em frente à Prefeitura de Apucarana, a 60 quilômetros de Maringá, cercam o prédio e impedem a entrada e saída de pessoas. Na frente dos homens armados com fuzis e pistolas está o capitão Luiz Fernando Walther de Almeida, de 34 anos.
Comandando um grupo de soldados, ele invade o gabinete do prefeito e entrega ao assessor uma carta de protesto contra os salários baixos e deficiências no atendimento médico aos seus subordinados. A ação chocou o País, O “fantasma” da ditadura, ainda estava bem presente na memória da sociedade. Imprensa e lideranças políticas da época repudiam a atitude, mas tudo indica que o protesto surtiu efeito. Na mesma noite, o então presidente José Sarney anuncia, em rede nacional,reajuste de 25% para todos os militares do Exército, Marinha e Aeronáutica.
O comando do Exército, porém, diz que o aumento já estava programado.