O Exército vai entrar 2025 com o cofre vazio. Segundo divulgou o colunista da Veja, Robson Bonin, no dia 7 de dezembro, só há dinheiro para contas básicas e essenciais como água e luz “e olhe lá”.
Ainda segundo Bonin, tradicionalmente os generais costumam equacionar as despesas no início do ano de modo a garantir verbas de custeio para fechar pelo menos o 1º trimestre. Entretanto, com a discussão em torno do pacote de corte de gastos do governo envolvendo as Forças Armadas, a prática não será possível e o começo do ano tende a ser complicado para o Exército, Marinha e Aeronáutica.
No dia 25 de novembro, estourou o escândalo da paralisação da Operação Carro-Pipa devido à falta de verba do Exército para o programa, que leva água potável para 159 municípios da Paraíba e beneficia quase 270 mil pessoas. Um dia depois, o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional destinou R$ 38 milhões para o Exército retomar o programa, criado em setembro de 2012.
A situação de falta de verba nas Forças Armadas não é novidade e já foi escancarada publicamente diversas vezes, inclusive pelas maiores autoridades do meio militar. Em 22 de agosto, durante discurso em cerimônia pelo Dia do Exército que contou com a presença do presidente Lula, o comandante do Exército, general Tomás Paiva, citou diretamente a penúria.
“Esse espírito perseverante e de doação integral à carreira tem sido mantido incólume, mesmo sob os escritos das restrições orçamentárias que atingem a todos. Apesar disso, não nos descuidamos da imperiosa necessidade de mais helicópteros, de mais blindados e mais mísseis”.
De acordo com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, 2024 foi o ano em que o Ministério contou com o menor valor voltado a pagamentos de despesas discricionárias e recursos direcionados a investimentos de programas estratégicos. Ao longo de uma década, a pasta perdeu 47% dos recursos.
Em 5 de setembro, 2 dias antes das comemorações do Dia da Independência, Múcio afirmou que as celebrações seriam enxutas pelas limitações orçamentárias.
“Apesar de todas as limitações orçamentárias, vai ser muito bonita. O governo convidou todos os ministros. Evidentemente sem helicópteros, sem aqueles caças voando, porque tudo isso é custo e nós estamos cortando o custo. Não estou nem cortando na carne, eu estou raspando o osso”.
Só não foi pior porque de última hora o governo liberou mais R$ 10 milhões.
Desde agosto o Ministério da Defesa vem estudando ativamente alternativas para contornar o menor orçamento dos últimos anos, sendo uma das principais a venda de terrenos e imóveis de propriedades da União usados pelas Forças Armadas.