A Lituânia, país báltico com pouco mais de 2 milhões de habitantes, surpreende o mundo ao anunciar um ambicioso plano de aumentar seus gastos militares para 5-6% do seu Produto Interno Bruto (PIB). Uma decisão ousada que coloca a pequena nação à frente de gigantes como os Estados Unidos (3,4%) e a China (1,7%) em termos de proporção de investimento em gastos militares.
A decisão, anunciada pelo presidente lituano Gitanas Nausėda, tem como objetivo principal fortalecer a defesa nacional e deter uma possível agressão da Rússia. Nausėda foi claro: “A possibilidade de agressão militar russa permanece real, mas não é inevitável. Precisamos intensificar significativamente nossos esforços para fortalecer a defesa e a dissuasão”, afirmou. Segundo ele, os recursos são cruciais para que a divisão mecanizada do exército lituano atinja plena capacidade operacional até 2030.
Gitanas Nausėda anunciou a medida após uma reunião do Conselho de Defesa do Estado, conforme reportado pela emissora local LRT.

A decisão de alocar 5,5% do PIB à defesa foi descrita como “histórica” por Nausėda, que destacou que o investimento é fundamental para enfrentar as ameaças geopolíticas.
“Hoje, tomamos uma decisão verdadeiramente histórica e muito oportuna. Este nível de financiamento demonstra que entendemos as ameaças provenientes de estados hostis e estamos prontos para agir”, disse o presidente. Ele enfatizou que os recursos adicionais serão utilizados para adquirir equipamentos militares modernos, como tanques Leopard 2 e sistemas de foguetes HIMARS, além de construir a infraestrutura necessária no país.

O investimento maciço em defesa visa, principalmente, acelerar a formação de uma divisão mecanizada, capaz de enfrentar qualquer ameaça. A divisão mecanizada ocupa um lugar central nos planos de defesa da Lituânia e da OTAN. Contudo, devido ao alto custo dos equipamentos e à falta de infraestrutura, sua plena operacionalidade até 2030 está ameaçada. Nausėda foi enfático ao afirmar que, sem o aumento no financiamento, a divisão só estaria pronta entre 2036 e 2040.
“Para atingir as capacidades necessárias dentro do prazo, devemos investir de forma significativa agora. Este investimento não é apenas uma questão de porcentagem do PIB, mas de entender que a dissuasão é o melhor caminho para a paz”, afirmou o presidente.

O aumento planejado pela Lituânia contrasta com os gastos militares de outras nações. De acordo com dados do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI), países como a Arábia Saudita (7,1%) e a Rússia (5,9%) estão entre os maiores investidores em defesa em proporção ao PIB, enquanto potências como os Estados Unidos (3,4%) e a China (1,7%) gastam menos em termos relativos. O Brasil, por sua vez, gasta apenas 1,1% de seu orçamento com defesa.
Nausėda destacou que o plano não incluirá aumento de impostos para os cidadãos. “Não gostaria que o aumento do financiamento da defesa fosse associado a uma maior carga tributária. Acredito que podemos utilizar instrumentos financeiros emergentes da União Europeia, como novos mecanismos de empréstimo e apoio ao desenvolvimento da indústria de defesa”, afirmou.
Com o novo orçamento, a Lituânia busca não apenas reforçar suas próprias forças armadas, mas também enviar uma mensagem clara à OTAN e à comunidade internacional sobre sua posição estratégica.
“Não é apenas para aparecer em estatísticas internacionais. Estes investimentos são um compromisso com a segurança e um sinal à OTAN de que levamos os desafios atuais muito a sério”, concluiu Nausėda.
Lista do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (2024) para o ano de 2023
