Durante a LAAD Defence & Security 2025, realizada no Rio Centro, Rio de Janeiro, a PROMEAL— empresa que, segundo dados do Portal da Transparência, já soma mais de R$ 20 milhões em contratos com o Governo Federal — destacou importantes avanços na tecnologia e qualidade nutricional das rações operacionais fornecidas às Forças Armadas brasileiras.
O evento, conhecido por reunir as principais empresas nacionais e internacionais do setor de defesa e segurança, serviu de palco para diversas inovações tecnológicas, entre elas, as melhorias substanciais apresentadas pela Promeal.

Pedro Lacaz Amaral, CEO da PROMEAL, concedeu entrevista exclusiva para a Revista Sociedade Militar, detalhando minuciosamente a evolução das tradicionais rações operacionais utilizadas pelas tropas brasileiras. Historicamente, esses alimentos eram vistos como soluções práticas, porém muito limitadas em termos de qualidade nutricional e sabor. Anteriormente conhecidos por serem extremamente calóricos e com sabores e texturas desagradáveis, esses produtos passaram por uma transformação notável.
“Hoje em dia ela é muito mais proteica do que calórica”, afirmou Lacaz ao iniciar sua explicação sobre a nova geração de rações. “Bom, de uma forma geral, a gente tem as rações operacionais que são de 6, 12 ou 24 horas, isso para as três Forças Armadas. A gente fornece hoje para a Marinha, Exército, Aeronáutica, enfim.”
Ele destacou que uma das principais mudanças está no alimento principal: “O que a gente tem de diferencial hoje é que existe um equilíbrio maior no que diz respeito à parte nutricional, e não só à parte nutricional, mas ao aspecto também dos alimentos.”
Lacaz comparou com o passado: “Quando a gente pegava uma feijoada, por exemplo, que tem gordura, e abria para comer frio eventualmente, por causa da velocidade, da dinâmica ali no momento, o aspecto não era tão bonito… Hoje a gente já tem um ajuste muito melhor disso.”
“Então a gente melhorou nessa parte, ou seja, as gerações evoluíram nesse quesito. E também na parte toda nutricional, do equilíbrio nutricional”, acrescentou. “As Forças Armadas sempre focaram muito em definir uma quantidade de calorias por cardápio. E aí a gente trouxe todo um pensamento voltado para essa parte nutricional, que não importa apenas a quantidade de calorias, mas o equilíbrio entre micro e macronutrientes.”
Sobre a ração de sobrevivência, Lacaz lembrou: “Até a gente trazer essa novidade para eles alguns anos atrás, era basicamente água e jujuba. Essa é o que compunha a ração de sobrevivência no mar.”
“A gente desenvolveu a barra de concentrado alimentar, que a gente chama de ração de sobrevivência, que foca não só na quantidade de calorias, como a jujuba, mas também em todos os micro e macronutrientes para que você possa sobreviver durante um dia ou durante até seis dias, no caso da ração da Marinha”, explicou.
“Nessa barra a gente tem, obviamente, toda a parte calórica — são 400 calorias numa barra de 90 gramas — mas a gente tem quase 10 gramas de proteína, a gente tem diversos sais minerais, a gente tem vitaminas… Sai de uma jujuba, que é algo simples, apenas um carboidrato simples, um açúcar, e passa para algo muito mais complexo, muito mais sofisticado.”
Na LAAD, a empresa lançou a versão comercial da barra de sobrevivência: “Aqui na feira a gente está lançando uma versão comercial, ou seja, para que o público possa comprar, adquirir também esse produto. Por isso que a gente tem uma embalagem nova, seguindo toda a parte de legislação de embalagens de alimentos.”
Sobre a água potável em campo, ele afirmou: “Toda a parte de alimentação e equilíbrio dos nutrientes é importante, uma espécie de suplementação que seria isso aqui, de certa forma, mas a parte também da purificação da água… Porque não adianta você ter um alimento muito bom, etc., mas vai consumir água e aquela água está contaminada.”
“Em todas as rações a gente tem cinco comprimidos de Clorin, que é para ser diluído de meio litro a um litro de água”, detalhou Lacaz. “É um sal de cloro orgânico, não é o cloro inorgânico que está presente naqueles líquidos que são utilizados também para purificar a água… Aqui não, é um sal orgânico que não afeta o organismo de forma alguma.”
Ele também explicou as possibilidades de purificação em larga escala: “A gente tem possibilidades de até pastilhas para 10 mil litros de água, ou seja, cada pastilha para 10 mil litros de água e vem num pote desses com 25 pastilhas.”
Por fim, destacou as rações coletivas: “A gente tem também as rações coletivas. Isso aqui é uma ração individual dessa uma pessoa, mas essa é pra seis pessoas. Então a gente tem, por exemplo, a feijoada pra uma pessoa, mas tem a feijoada pra seis pessoas. O arroz pra uma pessoa, o arroz pra seis pessoas, e assim por diante.”
“Em função de a gente ter uma validade de até dois anos — 24 meses — não tem conservante nenhum aqui dentro e ele não precisa de refrigeração, você tem uma logística muito melhor, um desperdício muito menor e uma contaminação muito menor também, porque afinal de contas você não tem um contato com o alimento ao descascar uma batata, por exemplo, ou preparar uma carne”, concluiu. “Então tá pronto pra consumir. Abriu, colocou na panela, esquentou e serviu. Acabou.”
A Revista Sociedade Militar, em parceria com o renomado apresentador e paraquedista Alan Nytty, desenvolveu uma série especial em três episódios, destacando as principais novidades e tecnologias apresentadas durante a LAAD 2025. Este primeiro episódio da série focou especificamente na Promeal e nas suas inovações na área de rações operacionais.
A importância da alimentação adequada em missões críticas sempre foi amplamente reconhecida pelas Forças Armadas. Porém, a LAAD 2025 reforçou que a evolução nessa área não apenas contribui para melhor desempenho operacional dos combatentes, mas também oferece uma referência de qualidade alimentar e segurança para o setor civil.
Acompanhe os próximos capítulos desta série especial, disponíveis exclusivamente aqui na Revista Sociedade Militar, e descubra mais sobre como as inovações tecnológicas estão moldando o futuro das operações militares e civis no Brasil e no mundo.
Assista a seguir a entrevista na íntegra:
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