Como foi colocado pela Revista Sociedade Militar, não é fácil derrubar um general de quatro estrelas. Mourão não disse nada que seja estranho para qualquer militar de carreira.
Villas Bôas disse em programa do BIAL: “a maneira como MOURÃO se expressou deu margem a interpretações amplas, mas ele inicia a fala dizendo que segue as diretrizes do comandante e as nossas diretrizes tem sido de promover a estabilidade, de pautar pela legalidade e de preservar a legitimidade… depois o que ele disse dá margem a interpretações… mas se você recorrer ao que está Constituição, artigo 142, ela diz que as Forças Armadas podem ser empregadas por iniciativa de um dos poderes… mas antes diz que se destinam à defesa da pátria e das instituições, essa defesa poderá ocorrer por iniciativa de um deles ou na iminência de um caos… já conversamos inclusive. Ele chamou a atenção para as eleições, quando ele fala de aproximações sucessivas… caso não seja solucionados os problemas nós poderemos ter que intervir… o único que fala pelo Exército sou eu.”
Quem observa o Exército com mais atenção percebe que Mourão e Villas Bôas se completam. Não há de se crer que isso seja por acaso, não existe inocentes ou ingênuos no Alto Comando do Exército Brasileiro. Enquanto o primeiro general faz as advertências sérias que precisam ser feitas, falando de forma mais franca e bruta sobre o que pode recair sobre a classe política corrupta, deixando parlamentares, jornalistas e até o judiciário com a pulga atras da orelha, o outro general procura atenuar o impacto das declarações sem nunca desmenti-las.
Uma estratégia antiga e até hoje usada, que alguns atribuem a Maquiavel, diz que aquele que está no comando deve sempre evitar ser antipático, o portador das notícias desagradáveis, deixando isso a cargo de um subordinado.
Villas Bôas deixou claro que MOURÃO obedece as diretrizes dele. Portanto, o recado foi dado. De forma proposital permanece sempre a sensação de que ha alguém que vigia todos e que se preciso for uma mão forte haverá de entrar em ação.
Robson A.S – Militar R1 – Cientista Social /