COLOCAÇÃO DE QUESTIONAMENTO ESTRATÉGICO
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Considerando: que, quando se fala em alcançar um estágio de dissuasão extra regional, não se pensar na defesa das amazônicas regiões, verde e azul, é pecado mortal; que o Comando da Quarta Frota encontra-se na Base Naval de MAYPORT, em JACKSONVILLE, na Florida, sendo responsável pela operação de cerca de 15 mil homens, duas dúzias de navios e dezenas de aeronaves embarcadas atuantes no Caribe, América Central e do Sul ; que o combate aeronaval face à super armada de uma “coalizão” que, pelo Mar do Caribe, venha cerrar sobre a foz do Amazonas, tem que ser travado preliminarmente o mais distante possível do nosso litoral, questionasse qual seria o melhor caça, o GRIPEN ou o SUKHOY?
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Esta pergunta também é feita para o enfrentamento de meios aéreos que se aproximem eixados pelo corredor terrestre da América Central. Sim porque esta possibilidade não pode ser descartada, haja vista a quantidade de aeroportos que podem ser usados ao longo daquela tripa de terra.
Considerando ainda, as mais do que prováveis, áreas de emprego (semiarco fronteiriço setentrional TABATINGA/SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA/BOA VISTA/MACAPÁ/BELÉM e as bacias pré-sálicas dos litorais capixaba, fluminense e paulista), assim como a menor autonomia dos caças GRIPEN, ao invés de em Anápolis/Goiás, os “36” caças (número menor do que transportam apenas dois aeródromos dos EUA) não deveriam ser baseados de forma a cobrir estas áreas com a maior autonomia de voo possível? Os questionamentos são os de quem é leigo no “saber como” da estratégia da guerra aérea, mas, que se diga, devem ser motivo de interesse e, muito mais, de preocupação de todos os brasileiros, em particular e principalmente daqueles que, sabem, estarmos irresponsavelmente “pagando para ver” no trato da defesa nacional.
Apesar da FAB, pelo menos, estar comprando material que, se espera, venha a ser fabricado no pais com transferência total de tecnologia, diferentemente, o EB persiste no arremate de “ferro velho”, em prejuízo de protótipos de blindados fabricados no país, que, se encomendados pela Força Terrestre, desde 1980, já poderiam estar aperfeiçoados nas suas versões mais atualizadas “III” ou “IV”. Isto sem falar nas “2044” viaturas blindadas transporte de pessoal/VBTP, sem nenhum poder de fogo dissuasório, priorizadas em detrimento, das mais do que necessárias, tiranicamente imprescindíveis, “225” viaturas ASTROS II, estas que poderiam mobiliar um poderoso arco defensivo periférico definitivo, desde TABATINGA/AM até RIO GRANDE/RS.
Qual a explicação para este contrassenso? Trata-se de uma questão pura e simples de matemática elementar! Como se vai defender realmente o País? Com GUARANIS armados de “stilingues.30” ou com “vetores de cruzeiro 1500/2500 km sem limite de carga”?
_ Ainda outro dia, com relação ao gastar por gastar tipificado pela intenção de compra de algumas dezenas de navios patrulha, a coordenação da Campanha Por Uma Nação Armada/CPUNA recebeu mensagem cujo extrato vai ponderado entre parêntesis em negrito: – ” Nossa situação no entorno estratégico , expressão que participei da inserção na PDN-2005, não emerge nenhuma ameaça real manifestada, nenhum combate real, nenhum contencioso bélico crível (Atualmente/nos dias de hoje em termos de ameaças, combate real ou contencioso bélico não se pode mais pensar no crível nem no incrível, mas, sim, no possível).
Além de sermos na América do Sul o “grandão musculoso” que ninguém deseja mexer, não temos aptidão para exercer papel de potência protagonista (Desejar dissuasão extra regional é uma questão vital que não tem nada com exercer papel de potência protagonista). No máximo nos valemos do aforismo romano – ” CIVIS PACEM PARA BELLUM” “Se queres a paz, prepara-te para a guerra” (Infelizmente! Há que se mudar esta mentalidade descrente para não acontecer o que aconteceu com os “HERMANOS”, que tiveram sua armada imobilizada pela presença de um único submarino nuclear britânico), ou seja dispor de capacidade para dissuasão, permeado de dificuldades de competir com recursos requeridos por muitos setores carentes do país.
Mas o pré sal é uma justificativa plausível (Plausível?! permita-me discordar, mas a chamaria de urgente/emergencial/vital) para defender nossas riquezas no mar dentro de nosso orçamento limitado. Uma conclusão para os planejadores militares e estrategos (Não, em absoluto, não me julgo como tal, apenas raciocino pensando em Sun TZU):
a)Planejar estrutura de Forças Armadas capacitadas que garantam nossa soberania (Garantia de soberania não se logra com “estruturações” mas, sim com “poder de fogo dissuasório”);
b) Planejar e organizar forças que estejam ao alcance do orçamento (Os mísseis “EXOCET’ fabricados pela Marinha estão muito mais dentro do orçamento do que as “dezenas” de navios patrulha que se quer comprar. Nossa Marinha tem que bater no inimigo e não oferecer alvos ao oponente para exercício de adestramento), mesmo que tenham limitações (Gastar bem é uma coisa, jogar dinheiro fora pela escotilha é outra); e
c) A resultante será uma estrutura de forças entre essas condicionantes acima (Admitir uma “resultante” que vai nos levar à derrota não é propriamente uma resultante, mas, sim, uma “sacrificante”!).
Paulo Ricardo da Rocha Paiva / Coronel de Infantaria e Estado-Maior
Revista Sociedade Militar