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Militares que apoiaram Lula querem reunião com governo em formação. Com aliados influentes, grupo pretende provar que generais trariam a tropa

por Sociedade Militar Publicado em 12/11/2022 — Atualizado em 17/11/2022
Militares que apoiaram Lula querem reunião com governo em formação. Com aliados influentes, grupo pretende provar que generais trariam a tropa

Grande parte da imprensa tem noticiado que os militares das Forças Armadas teriam tido um reajuste de salário durante o governo Bolsonaro. Contudo, desde 2019 um grupo bastante significativo têm se esforçado muito para mostrar a parlamentares que isso não é verdade, que o reajuste que existiu alcançou apenas algumas categorias, a maioria ligadas às elites armadas, os oficiais generais.

Os graduados explicam que: “Enquanto os generais da ativa e reserva passaram a ganhar 73% sobre os soldos, aumentando o valor dos próprios cursos, um terceiro-sargento da reserva ou da ativa não teve nenhum acréscimo salarial e as viúvas dos militares falecidos, as pensionistas, na verdade tiveram decréscimo de salário por conta dos aumentos nos descontos… os suboficiais da reserva também foram prejudicados.”.

Um dos parlamentares que encabeçou as reivindicações dos graduados da reserva remunerada e pensionistas foi Glauber Braga, do PSol. Reeleito no Rio de Janeiro com o apoio dos militares da reserva e pensionistas, o deputado se diz compromissado com a classe e é um dos que promete que vai lutar para que as correções sejam realizadas durante o governo Lula.

Logo após ser anunciada sua vitória no Rio, Glauber Braga enviou um recado para os militares, ele disse: “Muito obrigado pela votação… Bolsonaro só olhou para os oficiais que compõem o primeiro escalão do seu governo e deixou… como deputado vou seguir na luta junto com vocês”

Com um efetivo de cerca de 700 mil militares, um número significativo de votos, somando com seus círculos de influência, a categoria acredita que os votos que Bolsonaro deixou de receber da família militar por conta das injustiças ocorridas como consequência do projeto de lei apresentado pelos generais foram decisivos para sua derrota.

As praças pretendem apresentar para parlamentares a proposta para uma reunião com a equipe de Lula. A ideia é convencer o novo ministro da defesa a emitir uma portaria para que as Forças Armadas sejam obrigadas por lei a ouvir representantes das baixas patentes na reserva antes de elaborar projetos para reajustes salariais ou mudanças nas carreiras da categoria. Apontam que militares na reserva têm garantido por lei o direito de falar sobre qualquer assunto e sua manifestação não constitui em quebra de hierarquia ou atentado contra a disciplina. Praças acham inadmissível que um general seja responsável por estabelecer o próprio índice de reajuste, deixando o resto da tropa com índices menores.

Durante a votação da reestruturação das carreiras em 2019 as Forças Armadas tentaram impedir que os sargentos e suboficiais levassem até o parlamento suas demandas.

O então porta voz do presidente Bolsonaro, general Rego Barros, chegou a dizer que as categorias mais na base da estrutura militar, que chamou de estamentos mais inferiores, não poderiam informar a sociedade sobre os problemas salariais.

Uma pesquisa realizada pela Revista Sociedade Militar mostra que 77% dos militares ouvidos declarou que não confia nos comandos para a decidir sobre questões relacionadas ao salário dos militares.

Durante a tramitação do projeto de lei 1645 em 2019 os graduados e políticos de oposição foram monitorados pelos sistemas de inteligência das Forças Armadas, que trabalharam junto com os parlamentares governistas para estabelecer a estratégia que acabou levando o governo a vitória e consequente aumento mais vultuoso para a cúpula armada então ligada à Jair Bolsonaro

O ministro da defesa general Braga Netto foi confrontado pelo deputados Marcelo Freixo e Glauber Braga após a Revista Sociedade Militar ter publicado artigo revelando dados sobre a arapongagem.

Outro político que já se comprometeu com a luta foi a parlamentar Erika Kokai, a petista, que foi a terceira mais votada no Distrito Federal, quer agendar a realização de audiências públicas para que se coloque a situação a limpo. A deputada fala em um novo processo de discussão para a reestruturação das carreiras.

“são grandes injustiças, em verdade as praças não tiveram aumento de salário mas aumentou o desconto para a previdência e para o fundo de saúde. Ou seja, diminuir o poder de compra… é uma grande injustiça que precisa ser corrigida e além disso temos os militares temporários que se adoecerem até em função do trabalho são dispensados sem nenhum direito… Que Lula estabeleça um processo de discussão…o último reajuste que os praças tiveram foi no governo Dilma…”

Outro político que luta para que as demandas dos graduados cheguem até o presidente Lula é Gilson Gomes. Ex-candidato a deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores, o militar da reserva tem reunido militares em grupos de WhatsApp e já tem um esboço de material para ser entregue à equipe de transição.

Segundo o que se percebe nas lives implementadas pelo subtenente, a cúpula armada não tem influência sobre a preferência política da tropa, que estaria extremamente magoada com Bolsonaro, se sentindo traída. Gilson Gomes relata que a lista com as demandas da categoria será finalizado nos próximos dias e entregue nas mãos da presidente do PT de Goiás, Katia Maria. Segundo ele, a dirigente vai encaminhar as solicitações para Aluízio Mercadante, político considerado como o braço direito de Lula nesse processo de transição.  A revista recebeu informações de que Mercadante seria primo de um praça das Forças Armadas e – portanto – simpático à pacificação dessa questão.

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