Desde que o ex-presidente Jair Bolsonaro ganhou as eleições já se lançavam suspeitas contra as Forças Armadas, supostamente se debandariam para o lado do presidente eleito, afastando-se do caráter de neutralidade política que convém às instituições de Estado.
As suspeitas logo se tornaram em acusações, que fizeram com que os comandantes aparecessem cada vez mais à luz do dia, a fim de afirmarem sua neutralidade política.
Durante a pandemia, e ante a percepção de muitos de que o governo a conduzia mal, os militares passaram a ser tachados de cúmplices das mortes, uma vez que, segundo a oposição, nada faziam contra as más decisões do então presidente Bolsonaro.
Chega-se, então, ao fim do governo Bolsonaro, tendo os militares a imagem manchada pelas inúmeras acusações de covardia ante momentos importantes de nossa história recente, além de cumplicidade pela apatia em relação a decisões do presidente quando muitos o acusavam de genocida.
O descontentamento com os militares atinge o seu auge nos eventos do 08/01 ocorridos em Brasília, pois se descobriu a participação de muitos militares no que foi considerada uma tentativa de golpe contra o presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva.
Politização das Forças Armadas com a cumplicidade da mídia
É o que pensa Piero C. Leirner, antropólogo, professor da UFSCAR e estudioso do mundo militar há 20 anos, que menciona o atual comandante do Exército como alguém que segue a linha de politização das Forças Armadas. Desta vez “com sinal trocado”, como afirma o professor, em referência à nova orientação das Forças Armadas de tentar se limpar do bolsonarismo, tendo como cúmplice a própria mídia:
Missão dada, missão cumprida. Tds passando o recado de Tomás Lott.
A própria reunião de onde saiu o áudio, contudo, foi exemplo de politização nas FFAA.
Só q agora produzido p induzir a percepção c/ sinal trocado: anti-🤡.
Acho q sabiam que o viés seria por aí, e armou-se a cena pic.twitter.com/KlrmuTUvjc— Piero Leirner (@pierolei) February 28, 2023
Se aqueles que compõem os principais quadros da grande mídia estão cientes ou não das implicações da nova-velha guinada das Forças Armadas, isto tem pouca importância.
Fato é que todos estariam colaborando ingenuamente(?) com as intenções do atual comandante “Tomás Lott” de, para fora, fazer discursos pregando a neutralidade, enquanto, para dentro, garantir a cota de instrumentalização política das Forças Armadas, que é uma forma de não sofrer interferência política de fora para dentro.
Essa estratégia passaria despercebida até mesmo pelo jornalista Reinaldo Azevedo.
Além da pregação contra a politização das Forças Armadas, outra jogada que visaria a mascarar as reais intenções dos militares e confundir ainda mais a vista dos jornalistas, foi feita na quarta-feira (01/03) pelo Comandante do Exército, o general Tomás Paiva. Noticia o portal Uol que:
“O comandante do Exército, general Tomás Paiva, já decidiu que neste ano não haverá a leitura da Ordem do Dia alusiva ao dia 31 de março, aniversário do golpe militar no Brasil.”
A leitura alusiva ao 31 de março sempre foi uma cerimônia muita cara para os militares, em especial aos do Exército.
Sobre mais esta sinalização comenta o professor Piero C. Leirner:
E você, leitor, o que pensa sobre os comentários do professor? Deixe a sua opinião nos comentários.
Escrito por: Sérvulo Pimentel / Edição: Jefferson Silva