“Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais”,
“Asseguro à nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais“.
Estas foram as polêmicas postagens feitas no dia 3 de abril de 2018 no Twitter pelo então comandante do Exército, general Villas Bôas.
Nos relatos do livro “General Villas Bôas: conversa com o Comandante”, organizado pelo antropólogo Celso Castro, o general diz que o texto publicado em seu Twitter “tratava-se de um alerta [ao STF], muito antes que uma ameaça”.
Em 2021, o jornal O Globo publicou nota do ministro do STF, Edson Fachin, afirmando que era “intolerável e inaceitável qualquer forma ou modo de pressão injurídica [dos militares] sobre o Poder Judiciário. A declaração de tal intuito, se confirmado, é gravíssima e atenta contra a ordem constitucional. E ao Supremo Tribunal Federal compete a guarda da Constituição”.
Fachin era relator do pedido da defesa de Lula, negado pelo STF.
A manifestação do ministro se deu em resposta ao relato do livro do general Villas Bôas , já ex-comandante da Força terrestre, que descreveu em minúcias os bastidores da elaboração e publicação da manifestação em forma de “tweet” do general (ainda na ativa nessa época) nas redes sociais no dia do julgamento do habeas corpus de Lula.
Eis que o general (agora “de pijama”) ironizou a nota do ministro Fachin, de novo por meio do Twitter.
A imagem abaixo ilustra o tom de deboche com que o ex-comandante de um dos maiores exércitos do mundo tratou um dos ministros da corte suprema do Brasil, ao salientar que Fachin demorou três anos para se manifestar sobre os tweets de 2018.
Neste sobe e desce de declarações excêntricas, a Revista Sociedade Militar publicou também no Twitter, há alguns dias, um vídeo de 2016 em que o general Villas Bôas, ao mesmo tempo em que tentava justificar o golpe de 1964, fazia a propaganda (enganosa, pois seria desmascarada nos tweets de 2018) de que as Forças Armadas “não existem para fiscalizar governo, muito menos para derrubar governo.”
https://twitter.com/SocMilitar/status/1745289361917145469