Uma entrevista, capitaneada por José Roberto de Toledo e Kennedy Alencar do UOL, com o historiador Francisco Carlos Teixeira da Silva, professor emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, professor da Escola Superior de Guerra e professor de História na UFRJ, toca em temas guardados a sete chaves dentro das Forças Armadas. Um deles é a contratação como PTTC (Prestador de Tarefa por Tempo Certo) de oficiais generais e coronéis para instituições de ensino militar, que se trataria do emprego desses oficiais da reserva para ministrar cursos para jovens oficiais, o que estaria incutindo neles a cultura ou o hábitus antigo e, em última análise, segundo o especialista, a teoria da tutela militar sobre a vida pública.
O comando da 4ª Região Militar explica em seu site o que é o PTTC: “A prestação de tarefa por tempo certo é uma medida de gestão de pessoal militar que tem por fim permitir a execução de atividades de natureza militar por militares inativos possuidores de larga experiência profissional be reconhecida competência técnico-administrativa.”
O especialista ouvido pelo UOL mencionou que um dos “PTTCs” professores do curso de especialização de capitães seria o conhecido general Álvaro Pinheiro, famoso entre os militares por sua atuação no Araguaia. Bem recentemente, já em 2020, o referido oficial foi notícia em jornais do Rio por, em um surto psicótico ocorrido durante a pandemia, trafegar com uma arma em punho nas imediações da orla da lagoa Rodrigo de Freitas.
“… esses velhos comandantes, generais, formam a cabeça dos jovens. As aulas do general Álvaro Pinheiro eram concorridas… é o que a gente chama de cultura, hábitus… esse hábitus foi mantido… quem tava na aula dele: O Mauro Cid… ele dizia mesmo que tinha torturado, que tinha matado… ”
Francisco Carlos Teixeira explicou que os generais continuariam a receber os salários pagos pelo Exército e que recebem ainda um salário extra para ministrar aulas para os jovens oficiais em início de carreira. Por isso, na sua visão, a força acaba mantendo os mesmos princípios e tradições, definido pelo especialista como Hábitus, expressão cunhada pelo antropólogo Pierre Bordieu.
Veja também: Transcrição do depoimento do General Álvaro à Comissão da Verdade
Revista Sociedade Militar
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