A Marinha Russa enfrenta grandes desafios no Mediterrâneo desde a queda do regime de Assad na Síria, no final de 2024. A perda da base naval de Tartus, que durante anos serviu como principal suporte da Rússia na região, enfraqueceu drasticamente sua presença estratégica. Como consequência, o último submarino convencional da classe Kilo, o Novorossiysk (B-61), deixou o Mediterrâneo no início de janeiro de 2025, deixando a área sem submarinos russos pela primeira vez em anos.
Sem Tartus, a frota russa de submarinos convencionais lida com dificuldades enormes. Os submarinos precisam operar por longos períodos no mar sem o suporte adequado, o que é inviável para uma Marinha que depende intensamente de portos para manutenção. Além disso, a crise econômica e os desafios militares, intensificados pela invasão da Ucrânia em 2022, tornam quase impossível para a Rússia sustentar uma força-tarefa permanente no Mediterrâneo.
O Novorossiysk sai de cena e os substitutos não chegam
Na madrugada de 2 de janeiro de 2025, o submarino Novorossiysk, da classe Kilo Melhorada, cruzou silenciosamente o Estreito de Gibraltar, entrando no Atlântico. Este movimento marcou o fim de uma década de presença contínua de submarinos russos na região. Desde 2013, a Marinha da Rússia mantinha ao menos um submarino da classe Kilo no Mediterrâneo, realizando operações a partir de Tartus.
Agora, com a perda da base, essa sequência foi quebrada. Especialistas como Frederik Van Lokeren, que monitoram a movimentação da Marinha Russa, confirmam que não há substitutos prontos para substituir o Novorossiysk. Apesar de rumores de que os submarinos Krasnodar (B-265) ou Mozhaisk (B-608) poderiam assumir o lugar, atrasos logísticos e possíveis problemas técnicos dificultam a implantação. Além disso, sem a infraestrutura de Tartus, esses submarinos precisariam realizar apenas escalas rápidas em portos aliados, o que não é suficiente para operações sustentáveis.
Os impactos da perda de Tartus para a Rússia
A saída de Tartus enfraquece a presença naval russa no Mediterrâneo, e reduz significativamente sua influência geopolítica no Oriente Médio e no Norte da África. Por anos, Tartus foi essencial para a Marinha russa projetar poder militar e garantir controle sobre áreas estratégicas. Agora, a Rússia se vê obrigada a buscar alternativas.
Rumores indicam que o país pode estar negociando o uso de portos na Líbia, como Benghazi ou Tobruk, controlados pelo general Khalifa Haftar, aliado de Moscou. No entanto, a idade avançada de Haftar e a instabilidade política da região colocam esses planos em risco. Além disso, os problemas econômicos da Marinha da Rússia e os custos elevados das operações militares na Ucrânia tornam improvável que o país consiga investir em novas infraestruturas navais.
Marinha Russa, que enfrenta problemas de manutenção, falta de recursos e crescente pressão internacional
No contexto atual, a Rússia dificilmente conseguirá manter uma presença submarina regular no Mediterrâneo. Essa crise expõe as vulnerabilidades da Marinha Russa, que enfrenta problemas de manutenção, falta de recursos e crescente pressão internacional. Esse momento crítico pode marcar o início de uma fase em que o poder naval russo perde relevância global e enfrenta desafios internos ainda maiores.