O GSI, Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, vai completar neste ano 87 anos de história. Originalmente denominado como Gabinete Militar (1938, a partir da evolução do Estado-Maior do Governo Provisório, advindo da Revolução de 1930), tomou a forma atual como Gabinete de Segurança Institucional a partir de 1999, quando o órgão dividiu competências com o Ministério da Defesa e com a Agência Brasileira de Inteligência, também criados naquele ano.
No dia 8 de janeiro de 2023, manifestantes apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram os prédios dos Três Poderes em Brasília, causando danos consideráveis ao patrimônio público local e levantando questões sobre a segurança e a atuação das forças de segurança, incluindo o GSI.
O GSI, responsável pela segurança do Palácio do Planalto, foi muito criticado na época por não ter tomado medidas eficazes para impedir a invasão.
Segundo relatos, um pelotão do Batalhão da Guarda Presidencial foi dispensado horas antes do evento, deixando o local com um efetivo reduzido e sem equipamentos adequados para conter os manifestantes.
Além disso, imagens mostraram militares do GSI agindo de forma cordial com os invasores, o que aumentou a desconfiança sobre a postura dos militares naquele dia.
O GSI após o 8 de janeiro
Após o incidente do 8 de janeiro, o GSI abriu uma sindicância para apurar os fatos, mas as pessoas envolvidas já haviam sido exoneradas, e o caso foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) para possível persecução criminal.
O Exército brasileiro também abriu sindicâncias internas para investigar a participação de militares nos atos.
Relação entre o Governo Lula e os militares
A partir daquele momento a relação entre o governo Lula e os militares se tornou no mínimo tensa, especialmente após o 8 de janeiro.
Lula expressou desconfiança nas Forças Armadas, afastando cerca de 140 militares de seus postos desde o início de seu mandato.
No entanto, o chefe do GSI, general Amaro, afirmou algum tempo depois, que a relação se normalizou e que o respeito e a subordinação dos militares para com o presidente não se alteraram de forma alguma.
O Gabinete de Segurança Institucional entre direita e esquerda
Desde então, um dos desafios mais importantes do governo Lula passou a ser equilibrar a necessidade de manter a segurança institucional com a pressão de setores políticos, principalmente de esquerda, para reformas que possam reduzir a influência militar na política.
A direita política no Brasil é fortemente atrelada aos setores militares, o que é fator complicador de qualquer agenda que aborde minimamente a desmilitarização de parcelas do Estado.
A questão militar no Gabinete de Segurança Institucional no contexto do governo Lula e do 8 de janeiro envolve falhas de segurança, investigações em curso, tensões políticas e desafios para a normalização das relações entre o governo e as Forças Armadas.
A reforma nas tecnologias de segurança institucional do GSI
Para não dizer que nada foi modificado, algumas alterações tecnológicas relativas à segurança foram implementadas desde então.
O secretário de Segurança Presidencial, general Peixoto, destacou o aumento de câmeras em funcionamento no Palácio do Planalto e demais sítios presidenciais (como o Pavilhão de Metas, os anexos da via N2, a Granja do Torto e os Palácios da Alvorada e do Jaburu).
De um total de 708 câmeras previstas para serem colocadas em funcionamento a partir de dezembro do ano passado, 530 já estão instaladas.
O Palácio do Planalto, que contava com 44 câmeras no início do ano passado, já conta com 348 dispositivos, sendo 23 desses com tecnologia de reconhecimento facial.
As guaritas de segurança da Granja do Torto e dos Palácios da Alvorada e do Jaburu também receberão câmeras com reconhecimento facial, que serão conectadas ao banco de dados de segurança pública conforme acordos de cooperação forem formalizados.