Quando falamos sobre os avanços tecnológicos na guerra, a ideia de robôs militares pode parecer saída de um filme de ficção científica.
No entanto, a guerra entre a Ucrânia e a Rússia, que já dura mais de um ano, tem mostrado que a linha entre ficção e realidade está cada vez mais tênue.
Com o aumento do uso de tecnologias avançadas, a Ucrânia deu um passo ousado ao desenvolver seu próprio “exército de robôs”, como mencionado pelo Kyiv Independent.
Essa inovação, que está sendo vista como uma estratégia essencial para a vitória, pode mudar os rumos de um conflito que já colocou o mundo em alerta.
A revolução tecnológica da Ucrânia
A guerra na Ucrânia tem sido marcada não apenas pela resistência militar, mas também pela utilização de novas tecnologias que buscam nivelar o campo de batalha.
Em uma guerra que, até o momento, parece ser de desgaste, a Ucrânia recorreu à automação e robótica para fortalecer suas forças.
A proposta é ter mais de 200 veículos terrestres não tripulados (UGVs, sigla em inglês) em operação até o final de 2025, com a ambição de revolucionar a forma de conduzir combates no terreno.
Essa inovação faz parte de um plano mais amplo, que busca mitigar a escassez de mão de obra militar enquanto enfrenta a poderosa máquina de guerra russa.
Segundo a imprensa ucraniana e fontes militares, esses veículos terão a capacidade de realizar missões em ambientes de combate de alta intensidade, onde a presença humana poderia ser mortal ou ineficaz.
O uso de drones e robôs em combate
Desde o início do conflito, a Ucrânia tem se destacado no uso de drones em combate.
No entanto, com o tempo, a tecnologia foi evoluindo, e o que começou como uma simples utilização de aeronaves não tripuladas para vigilância e ataques se expandiu para a criação de robôs terrestres.
Esses veículos são projetados para operar de forma autônoma ou semiautônoma, realizando missões como reconhecimento, bombardeios e até mesmo resgates de soldados feridos em áreas de difícil acesso.
Em dezembro de 2024, a Ucrânia alcançou um marco importante, ao realizar um ataque bem-sucedido contra posições russas usando apenas drones terrestres e drones FPV (First Person View, na sigla em inglês), mais conhecidos como drones de corrida.
Esse tipo de tecnologia tem sido fundamental para a estratégia de guerra da Ucrânia, permitindo ataques rápidos e precisos, com custos relativamente baixos, sem a necessidade de colocar em risco a vida de seus soldados.
O papel da Ucrânia e seus aliados na inovação militar
O desenvolvimento dessa tecnologia de ponta não aconteceu da noite para o dia.
A Ucrânia, que conta com o apoio de diversos países ocidentais, tem investido pesadamente na pesquisa e no desenvolvimento de novos sistemas de combate não tripulados.
No contexto da guerra, a parceria com empresas e governos de países como os Estados Unidos tem sido crucial para viabilizar essa revolução militar.
Além disso, o auxílio de especialistas estrangeiros tem sido fundamental para adaptar essas tecnologias às necessidades específicas do teatro de guerra ucraniano.
Em fevereiro de 2023, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky deu mais um passo significativo ao criar as Forças Nacionais de Sistemas Não Tripulados (USF), com o objetivo de coordenar todas as operações envolvendo robôs e drones.
Sob o comando do Coronel Vadym Sukharevskyi, as USF estão ajudando a moldar o futuro das forças armadas da Ucrânia.
A criação dessa unidade de elite reflete a crescente importância da tecnologia na luta contra a Rússia, e mostra como a inovação está moldando o campo de batalha.
Desafios e limitações dessa estratégia
Embora a Ucrânia esteja fazendo grandes avanços, há desafios significativos para que os robôs e drones se tornem a solução definitiva no conflito.
O número limitado de robôs disponíveis ainda não é suficiente para substituir a escassez de soldados em campo, o que torna a mobilização de forças humanas ainda necessária para garantir a segurança e a eficácia das operações.
Além disso, a complexidade do terreno e a necessidade de interação com soldados humanos ainda impõem barreiras para a plena autonomia dos robôs.
Porém, com o progresso contínuo da tecnologia e a implementação de melhorias nos sistemas de inteligência artificial, a expectativa é que, em um futuro próximo, os robôs desempenhem um papel ainda mais fundamental no campo de batalha.
Especialistas acreditam que, em um cenário de guerra prolongado, a capacidade de enviar robôs para missões de alto risco poderia salvar inúmeras vidas humanas.
O futuro do conflito e o impacto nas negociações globais
Com um panorama de guerra que já se arrasta por mais de três anos, é possível que a tecnologia seja a chave para um desfecho mais rápido, embora o cenário político ainda esteja indefinido.
A Ucrânia tem se preparado para o fim do conflito, mas não está claro como os diálogos entre as potências mundiais irão impactar a sua sobrevivência no pós-guerra.
As negociações envolvendo o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder russo, Vladimir Putin, ainda estão longe de ser conclusivas, e o impacto dessas conversas sobre a Ucrânia é um grande ponto de incerteza.
Contudo, o uso de tecnologias de ponta no campo de batalha pode mudar a forma como os acordos de paz são negociados.
Com o aumento da capacidade militar ucraniana, não só em termos de número de tropas, mas também em termos de tecnologia, o equilíbrio de poder no cenário geopolítico pode ser alterado, dando à Ucrânia uma posição mais forte nas futuras discussões com a Rússia e seus aliados.