Em um momento crucial para a segurança pública do Estado de São Paulo, novas tecnologias estão sendo introduzidas para aprimorar a atuação policial e garantir maior transparência nas operações.
Um dos principais avanços nesta área são as câmeras corporais (bodycams) utilizadas pela Polícia Militar do Estado, que estão sendo apresentadas na LAAD Defence & Security 2025, uma importante feira de segurança que acontece no Rio de Janeiro.
O evento, que ocorre até o dia 4 de abril, tem atraído a atenção de especialistas e autoridades devido à inovação desses dispositivos.
Essas câmeras prometem ser um divisor de águas nas estratégias de policiamento.
Com acionamento automático, integração ao sistema 190 e armazenamento criptografado, os novos equipamentos visam aumentar a eficiência das operações policiais e garantir maior transparência para a população.
Além disso, eles são projetados para evitar falhas humanas, permitindo um registro contínuo e seguro das ações de segurança pública.
Contrato e investimento: 12 Mil câmeras para o estado de São Paulo
O governo de São Paulo fez um investimento significativo na segurança pública, assinando em setembro de 2024 um contrato para a aquisição de 12 mil câmeras corporais, com um custo mensal de R$ 4,3 milhões.
O valor total do contrato reflete a seriedade do projeto e a aposta do governo estadual na modernização da polícia.
O objetivo não é apenas aprimorar a vigilância das operações, mas também trazer mais transparência e credibilidade às ações da corporação.
Antes da implementação definitiva, o governo realizou uma fase de testes com 120 câmeras, conhecidas como “Operação Assistida”, em São José dos Campos.
Esta fase teve início em janeiro deste ano e teve como objetivo principal verificar a eficácia do novo sistema.
Durante esses testes, a robustez do sistema de gestão de evidências foi analisada, assim como o treinamento dos policiais no uso do equipamento.
O governo paulista tem trabalhado para garantir que a tecnologia esteja funcionando perfeitamente antes de ser totalmente implementada nas ruas.
Como funciona a tecnologia das novas câmeras
A grande inovação das novas câmeras corporais da Polícia Militar de São Paulo é a integração automática com o sistema de emergência 190.
Diferentemente dos modelos anteriores, que exigiam ativação manual, agora as câmeras entram em funcionamento automaticamente no momento em que um policial é acionado para uma ocorrência.
Quando um chamado é registrado e uma viatura é despachada, as câmeras dos policiais envolvidos são automaticamente acionadas, o que elimina o risco de esquecimento ou falha humana.
Rodolfo Gomes, diretor de soluções de vídeo da Motorola Solutions, explicou como esse sistema automatizado torna o trabalho policial mais eficiente: “Se um policial é acionado para uma ocorrência, a câmera dele entra em gravação automática.
Além disso, se outro agente chega ao local, o equipamento dele também é ativado por proximidade, via Bluetooth.”
Esse sistema elimina uma preocupação constante: a possibilidade de o policial se esquecer de ligar a câmera em um momento crítico, ou, ainda pior, de desligá-la intencionalmente ou por acidente.
A nova tecnologia foi desenvolvida justamente para evitar esses erros humanos e garantir que todas as ocorrências sejam registradas de forma contínua e sem interrupções.
Gravação ininterrupta e armazenamento seguro
Outro grande avanço das novas câmeras é a impossibilidade de desligamento manual.
Uma vez que a câmera é acionada, ela continua gravando até que a ocorrência seja oficialmente encerrada no centro de comando.
Esse mecanismo é fundamental para garantir a integridade do material gravado, evitando que um policial desligue o dispositivo durante uma ação.
Cada câmera tem autonomia para funcionar durante 12 horas ininterruptas, o que cobre um turno completo de trabalho.
Além disso, o sistema grava continuamente, salvando automaticamente os últimos 90 segundos anteriores ao acionamento oficial da câmera.
Esse recurso é essencial, pois garante que momentos cruciais da operação, que ocorreram antes do acionamento da câmera, também sejam registrados.
As imagens gravadas são armazenadas de forma criptografada, garantindo a segurança dos dados.
Após o expediente, as gravações são transferidas automaticamente para um servidor seguro. A política de retenção dos dados pode variar de 30 dias a um ano, dependendo das diretrizes estabelecidas pelo governo, garantindo que o conteúdo seja acessível para auditorias ou investigações, quando necessário.
A visão do futuro: mais eficiência e transparência para as operações policiais
Com a introdução dessas câmeras corporais, a Polícia Militar de São Paulo dá um passo importante para modernizar e aprimorar a segurança pública.
O uso dessas tecnologias visa não apenas melhorar a atuação dos policiais, mas também garantir maior confiança da população nas operações da corporação.
Ao tornar o trabalho da polícia mais transparente e monitorado, o governo estadual espera reduzir casos de abuso de autoridade, além de facilitar investigações em caso de irregularidades.
Essa implementação é parte de um movimento global em direção à modernização das forças de segurança, com diversas outras cidades e países já adotando o uso de câmeras corporais como ferramenta para aumentar a transparência e a responsabilidade.