Em um mundo cada vez mais instável, onde tensões diplomáticas e conflitos armados se espalham por diferentes continentes, os países estão destinando somas históricas aos seus orçamentos de defesa.
Enquanto isso, o Brasil parece remar contra a maré, com investimentos que não acompanham a evolução militar das grandes potências, acendendo um alerta sobre sua posição estratégica no cenário internacional.
Segundo o mais recente levantamento do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), os gastos militares globais ultrapassaram pela primeira vez a marca de US$ 2,7 trilhões em 2025, refletindo um crescimento contínuo motivado por guerras em curso, aumento de rivalidades regionais e modernização de arsenais em diversas nações.
Esse número representa uma elevação de cerca de 9,6% em relação ao ano anterior, consolidando uma tendência de escalada que já vinha se intensificando desde 2022.
Conforme informações do portal ”Gazeta do Povo‘‘, os Estados Unidos permanecem como o maior investidor em defesa do planeta, com um orçamento estimado em US$ 900 bilhões em 2025, impulsionado por projetos de modernização nuclear, manutenção de bases ao redor do mundo e investimentos em novas tecnologias como inteligência artificial, ciberdefesa e drones autônomos.
A China, segunda colocada no ranking, segue ampliando seus investimentos e já destina mais de US$ 249 bilhões ao setor militar, com foco no fortalecimento de sua Marinha e Força Aérea, visando ampliar sua influência sobre Taiwan e a região do Indo-Pacífico.
A Rússia, apesar das sanções internacionais, alocou em 2025 mais de US$ 145 bilhões em defesa, mantendo sua indústria bélica ativa e concentrada no conflito com a Ucrânia, além de reposicionar tropas ao longo de suas fronteiras estratégicas.
Europa acelera rearmamento
A Europa vive sua maior onda de rearmamento desde o fim da Guerra Fria.
Após a invasão da Ucrânia pela Rússia, países como Alemanha, Polônia, Suécia e Finlândia passaram a elevar significativamente seus orçamentos de defesa.
A Alemanha, por exemplo, registrou um aumento de 23,2% nos gastos em 2025 e passou a liderar os investimentos militares dentro da OTAN no continente europeu.
Já a Polônia se consolidou como o 15º maior orçamento militar do mundo, com aquisições de tanques, sistemas de mísseis e caças de última geração, mirando a autossuficiência frente a ameaças externas.
Especialistas apontam que esse movimento é um reflexo direto das recomendações da OTAN, que pressiona seus membros a investirem no mínimo 2% do PIB em defesa, algo que muitos países ainda não conseguiram alcançar.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que retornou à Casa Branca em 2025, reafirmou seu discurso de campanha e já anunciou que os EUA suspenderão ajudas militares a países da OTAN que não cumprirem esse índice.
América Latina investe pouco em comparação ao cenário global
Enquanto as grandes potências aceleram seus investimentos militares, o Brasil caminha em ritmo lento.
Mesmo sendo o maior investidor da América Latina, o país deve destinar em 2025 cerca de US$ 23 bilhões ao setor de defesa — valor considerado modesto diante dos US$ 900 bilhões dos Estados Unidos, dos US$ 249 bilhões da China e até dos US$ 145 bilhões da Rússia.
O montante brasileiro equivale a apenas 0,9% do seu PIB, muito abaixo da meta de 2% recomendada pela OTAN e distante do que países europeus e asiáticos têm praticado.
Apesar de contar com projetos estratégicos como o caça Gripen, o submarino nuclear Álvaro Alberto e novos blindados nacionais, a falta de continuidade nos investimentos, cortes orçamentários recorrentes e a ausência de uma política industrial sólida têm limitado o avanço das Forças Armadas brasileiras.
Em contraste com o movimento global de rearmamento e modernização, o Brasil tem enfrentado dificuldades até mesmo para manter suas capacidades básicas operacionais.
A defasagem tecnológica, os atrasos em programas de aquisição e a baixa atratividade da carreira militar em tempos de corte de benefícios agravam ainda mais a situação.
Oriente Médio e Ásia também aumentam investimentos
A tensão crescente no Oriente Médio, especialmente após os confrontos entre Irã e Israel, elevou os orçamentos militares de diversos países da região.
Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Catar têm modernizado suas forças armadas e expandido seus arsenais, com compras expressivas de aviões de combate e sistemas antimísseis.
No caso da Ásia, além da China, países como Japão, Coreia do Sul e Índia também intensificaram seus investimentos militares, respondendo à instabilidade regional e à presença estratégica de Pequim.
O Japão, por exemplo, revogou restrições constitucionais sobre sua atuação militar e aprovou um dos maiores orçamentos de defesa de sua história, investindo em novos porta-aviões e sistemas antiaéreos.