A usina nuclear de Chernobyl, cenário de um dos maiores desastres nucleares da história, continua sendo um ponto de preocupação para a comunidade internacional.
Recentemente, o local foi alvo de um ataque aéreo russo, que causou danos significativos na estrutura de proteção, colocando em risco a integridade do “Novo Confinamento Seguro” (NSC), que cobre o Bloco 4 da usina.
O ataque e seus impactos
Segundo o portal “UOL”, na noite de 14 de fevereiro, um drone russo conseguiu penetrar no invólucro altamente protegido da usina, o NSC, causando um incêndio.
O fogo, que destruiu parte da estrutura de proteção, só foi extinto em 7 de março, após três semanas de esforços contínuos dos serviços de emergência.
Esse incidente gerou grande preocupação, uma vez que o NSC foi projetado para evitar a liberação de radiação no ambiente, após a explosão do Bloco 4 em 1986.
Estrutura de proteção comprometida: os esforços para reparação
A principal tarefa das autoridades ucranianas agora é fechar o buraco de cerca de 15 metros quadrados que foi aberto no NSC devido ao ataque.
Além disso, mais de 200 furos menores, causados pelos esforços da Defesa Civil Nacional para extinguir o incêndio, precisam ser selados para garantir a segurança do local.
De acordo com Hryhoriy Ishchenko, um dos responsáveis pelo monitoramento da área, especialistas dos institutos de pesquisa começarão a avaliação dos danos nas próximas semanas.
Ele também ressaltou que as “recomendações provisórias para os trabalhos de reparação deverão ser apresentadas dentro de um mês”.
A história do Novo Confinamento Seguro (NSC)
O NSC, que foi erguido para cobrir o sarcófago de concreto original que foi instalado após a explosão de 1986, é considerado uma das maiores estruturas de engenharia do mundo.
Com a ajuda de 45 países doadores, foi possível arrecadar mais de 1,5 bilhão de euros para construir o novo abrigo, que foi concluído em 2016, e entrou em operação em 2019.
O projeto envolveu mais de 10 mil profissionais de 40 nações diferentes.
Este novo abrigo foi projetado para impedir a propagação da radiação, proporcionando um nível adicional de segurança para o local.
O sarcófago original, instalado logo após a explosão do reator, apresenta falhas estruturais que exigem a presença de uma estrutura moderna e eficiente, como o NSC.
Sua construção foi uma resposta ao desastre de 1986, quando a explosão do reator 4 da usina lançou grandes quantidades de material radioativo no meio ambiente, causando mortes imediatas e afetando a saúde de milhares de pessoas ao longo das décadas seguintes.
A radiação no local e os riscos em potencial
Apesar do grande avanço no processo de contenção da radiação, a área ao redor de Chernobyl ainda apresenta riscos, embora a radiação nas áreas danificadas não tenha registrado níveis alarmantes, de acordo com as autoridades locais.
Hryhoriy Ishchenko relatou que, por enquanto, as taxas de radiação continuam dentro dos limites normais e que o trabalho de reparação prossegue sem risco imediato para os trabalhadores.
No entanto, ele alertou que há uma queda de pressão no NSC devido aos danos sofridos, o que pode resultar em um aumento da umidade, o que prejudica o funcionamento adequado da estrutura.
Dmytro Humeniuk, especialista do Centro Técnico-Científico Estatal para Segurança Radioativa da Ucrânia, apontou que a situação é complexa e que, no momento, é impossível desmontar o velho sarcófago de concreto.
A estrutura original foi colocada de forma improvisada, logo após o acidente, e não foi projetada para ser removida.
Humeniuk afirmou que, para garantir a segurança total do local, será necessário o reparo completo do NSC e a estabilização da área antes de qualquer nova ação.
O impacto do ataque russo na segurança global
O ataque à usina de Chernobyl não representa apenas uma ameaça para a Ucrânia, mas também para a segurança nuclear global.
Chernobyl é uma zona de exclusão, onde a radiação ainda é perigosa para a saúde humana, e qualquer falha na proteção do local pode ter consequências graves.
Embora o NSC tenha sido projetado para resistir a muitos tipos de incidentes, o ataque russo revelou vulnerabilidades que agora precisam ser corrigidas de forma urgente.
A comunidade internacional em alerta
A situação em Chernobyl chamou a atenção não apenas da Ucrânia, mas também de organizações internacionais e governos ao redor do mundo.
O impacto potencial de um colapso da estrutura de proteção é imenso, já que a radiação liberada poderia afetar não apenas a região da Europa Oriental, mas também países vizinhos.
A cooperação internacional para resolver os problemas de Chernobyl e garantir que a radiação seja mantida dentro dos limites seguros é crucial para a segurança da humanidade.
Perspectivas para o futuro
Apesar dos danos causados pelo ataque russo, os especialistas acreditam que é possível reparar o NSC e restaurar sua funcionalidade.
No entanto, a situação continua a exigir atenção constante, uma vez que a integridade da estrutura de proteção é fundamental para evitar uma nova tragédia nuclear.
A Ucrânia continuará a contar com o apoio de seus aliados internacionais para garantir que a usina de Chernobyl não represente uma ameaça iminente para a população local e para o mundo.
A reparação do NSC é apenas uma das muitas tarefas críticas enfrentadas pela Ucrânia, que também precisa lidar com os efeitos devastadores da guerra em curso com a Rússia.