Em entrevista ao canal Faixa Livre, no YouTube, a historiadora Anita Prestes, filha do líder comunista Luís Carlos Prestes e professora da UFRJ, disparou: “o exército brasileiro está totalmente subordinado aos interesses norte-americanos”. Ela acusou as Forças Armadas de abandonarem o nacionalismo e adotarem uma doutrina de alinhamento incondicional aos EUA desde o golpe de 1964.
Nacionalismo “exterminado” após 1964
Anita afirmou que setores progressistas dentro do Exército foram “exterminados a partir de 64”, citando perseguições, cassações e até desaparecimentos.
“Aquela época em que havia um setor nacionalista no Exército acabou — não existe mais. Pode ser que exista um militar ou outro ainda nacionalista, mas isso não é uma força dentro do Exército, como já foi. E foi exterminado a partir de 64”, lembrou Anita.
E concluiu: “Alguns [militares] nacionalistas, inclusive comunistas, que estavam no Exército brasileiro, foram todos defenestrados”, né? Caçados, punidos, né? Alguns até desaparecidos. Então, realmente, isso acabou” disse, referindo-se ao filme de Sílvio Tendler que retrata o tema.

Historiadora denuncia alinhamento das Forças Armadas aos interesses norte-americanos. (Foto: Reprodução/ADUERN)
Doutrina Golbery: “Destino do Brasil é seguir os EUA”
A professora criticou a influência do general Golbery do Couto e Silva, ideólogo da ditadura: “a doutrina é que o Brasil e a América Latina devem seguir os Estados Unidos”. Ela citou missões como a do Haiti, onde militares brasileiros teriam sido “inteiramente doutrinados” pelos EUA.
Anticomunismo como “fantasma” para reprimir movimentos
Para Anita, o discurso anticomunista serve para justificar a repressão: “batizam qualquer movimento popular de ‘comunismo’ para mobilizar os desinformados”. Ela também atacou a apropriação de Gramsci: “deturparam seu pensamento para modernizar o discurso reacionário”.
Governo Lula acusado de omissão
A historiadora foi dura com o PT: “Lula não mobiliza os setores populares para mudar as Forças Armadas”. Disse que escolas militares mantêm a mesma doutrina e que o governo não enfrenta o “grande capital”, citando Haddad: “seu arcabouço fiscal beneficia os ricos”.
Bolsonaro e o grande capital
Anita ligou a eleição de Bolsonaro ao apoio das elites: “sem o grande capital, ele não teria vencido”. Lembrou o papel de Paulo Guedes como “homem totalmente a serviço dos interesses norte-americanos”, enquanto Lula, preso em 2018, foi vítima dessa articulação.